domingo, 20 de junho de 2010

Cidadela do tráfico

Expulsos de suas comunidades pelas UPPs, bandidos montam shopping de drogas no Alemão.



Um verdadeiro shopping de drogas, com barracas, negociações, matutos (fornecedores de drogas no atacado), venda de todo o tipo de entorpecente, tanto no atacado quanto no varejo, e compra de armas. É dessa forma que traficantes do Complexo do Alemão montaram uma fortaleza no alto do morro, na localidade conhecida como Largo do Coqueiro, fazendo dessa região uma verdadeira central de negócios.


O crime no local contou com o reforço de traficantes que vieram de favelas ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e por outros que deixaram o presídio após o benefício de Visita Periódica ao Lar (VPL) e não retornaram. Em meio a essa movimentação de traficantes e armas de grosso calibre, moradores transitam e evitam comentar o que acontece, com medo de represálias dos bandidos.

Investigações do serviço de inteligência das polícias Civil e Militar estimam que haja mais de mil fuzis nas mãos de traficantes entre os Complexos do Alemão e da Penha, que inclui a Vila Cruzeiro. Localizados na Zona da Leopoldina, os complexos se estendem de Ramos até as proximidades da Vila da Penha.

Há informações de que, por ordem da facção criminosa, o traficante só tem livre abrigo no Alemão se levar seu próprio fuzil.

O comércio de drogas no Alemão, onde hoje estão todos os chefes soltos da maior facção criminosa do Rio, acontece livremente três anos após uma mega operação da polícia para desarticular o tráfico na região. Na mesma favela, na localidade conhecida como "Pedra do Sapo", o jornalista Tim Lopes foi torturado e morto por traficantes em 2002, quando fazia uma reportagem sobre prostituição infantil em bailes funk.

Para comprar e vender drogas os grandes fornecedores têm que pedir autorização aos chefes para entrar. Uma vez autorizada a entrada, muitas vezes feita pela localidade conhecida como "subida da Comlurb", a negociação acontece no meio da rua, com pagamento em dinheiro. O teste das armas negociadas é realizado com tiros para o alto no local.

Ana Cláudia Costa


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Fonte: O Globo

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