Em um universo de 4.854 registros de pessoas agredidas e atendidas em pronto-socorro, quase 70% das vítimas são negras ou pardas, mais de 61% dos casos ocorreu com quem tem até oito anos de estudo (ensino fundamental) e menos de 30 anos (69,6%).
Os homens são as principais vítimas da violência - 73,8% dos casos. As mulheres, no entanto, são as que mais sofrem com os denominados "maus tratos", a agressão doméstica, crônica e repetitiva, cujo autor é um homem do convívio familiar (marido, pai, companheiro ou namorado).
Setenta e dois por cento dos casos de maus tratos atingem as mulheres em diversas faixas etárias. "A mulher é vítima em todos os ciclos de sua vida", diz Marta Silva, coordenadora da área de prevenção de violências do Ministério da Saúde, que lembra a relação de poder e posse que ocorre no relacionamento entre os gêneros, pais e filhos. Marta Silva avalia que a violência é um grande problema de saúde pública que está vinculada a questões econômicas, fatores de risco e comportamento (machismo, homofobia e racismo). Em sua análise, a desigualdade é um aspecto central: "a desigualdade propicia ter mais violência", acredita.
O crescimento desordenado das cidades pode estar gerando um fenômeno também percebido pelo Ministério da Saúde. Dados acumulados entre 1980 e 2006 revelam a interiorização da violência rumo às regiões não-metropolitanas. Nesses 27 anos, o Estado de Alagoas registrou a maior taxa de homicídio do Brasil, seguido de Pernambuco e do Espírito Santo. Entre as cidades, Maceió (AL), Jaboatão dos Guararapes e Recife (ambos em Pernambuco) tiveram as maiores taxas. "As cidades crescem, mas há uma série de problemas sociais que seguem", explica Marta Silva, relacionando a falta de infraestrutura, a exclusão social, a ingestão de drogas e álcool, a prostituição, o uso de armas e a migração do crime organizado.
O Ministério da Saúde mantém o Disque 100 para denúncias de violência contra as crianças e adolescentes e o Disque 180 para denúncias de agressão contra as mulheres. A notificação da violência nos atendimentos de emergência e urgência é obrigatória e está prevista em lei (Estatuto da Criança e Adolescente, Lei Maria da Penha e Estatuto do Idoso)."
(Fonte: Agência Brasil)
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