terça-feira, 25 de outubro de 2011

Comandante do CMA vê risco do Brasil virar produtor de cocaína

Exército - Segundo o general, as policiais do Brasil e do Peru detectaram coisa pior: uma grande área de produção de coca na fronteira entre os dois países.





O general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, comandante militar da Amazônia, fez uma revelação a um grupo de senadores.

Contou que o Brasil convive com o risco de deixar a condição de rota internacional de cocaína para virar um produtor da droga.

A foto lá do alto mostra um laboratório de refino de cocaína encravado na selva amazônica.

Segundo o general, as policiais do Brasil e do Peru detectaram coisa pior: uma grande área de produção de coca na fronteira entre os dois países.

A plantação foi feita numa reserva dos índios ticunas. Por ora, encontra-se do lado de lá, em áreas baixas e úmidas da Amazônia peruana.

Porém, disse o general Villas Bôas aos senadores, há o risco de o cultivo da droga cruzar a fronteira, estabelecendo-se em território brasileiro.

Nessa hipótese, o Brasil deixaria de ostentar a posição que exibe hoje, de mero corredor de passagem da cocaína produzida em países vizinhos.

Se o Brasil virar produtor, alertou o general, o combate ao tráfico se tornará ainda mais complexo.

Sobretudo porque o Exército já farejou na Amazônia o vaivém de traficantes de um cartel novo na área: o mexicano.

“Se a coca for plantada no Brasil, o grau de complexidade será muito maior”, declarou o comandante da Amazônia.

“Temos indícios da presença na região de cartéis mexicanos, que têm um modus operandi mais violento. Temos de estar muito atentos.”

O general Villas Bôas falou numa audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.

Foi convocada pelo presidente da comissão, Fernando Collor (PTB-LA), com o objetivo de discutir a vigilância das fronteiras brasileiras na Amazônia e no Sul do país.

e fronteireas (CRE), a respeito do tema "Vigilância de Fronteiras - organização, distribuição espacial na Amazônia e no sul do país".

Os senadores ouviram também, entre outros, Ricardo Vélez Rodrigues, coordenador de Centro de Pesquisas Estratégicas da Universidade Federal de Juiz de Fora.

O professor disse que a presença de guerrilheiros colombianos das Farc na fronteira continua a oferecer riscos à segurança do Brasil.

Por quê? Além do envolvimento com o tráfico de drogas, o grupo guerrilheiro trafica armas. Mencionou outros dois problemas que reclamam solução.

O primeiro é o incrrmento da produção de cocaína na Bolívia do companheiro Evo Morales.

O segundo é a consolidação do que o professor chamou de "maior centro de contrabando da América do Sul."


Josias de Souza

Fonte: Blog do Josias

Como reduzir taxas de homicídios sem reduzir os números de homicídios

Pacificaram as estatísticas da morte no Rio



O economista Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, concluiu um trabalho intitulado "Mortes violentas não esclarecidas e impunidade no Rio de Janeiro". Ele demonstra que, desde 2007, as estatísticas de segurança no estado sofreram um processo de pacificação.

Segundo os números oficiais, os homicídios caíram de 7.099, em 2006, para 6.304, em 2007, e 5.064, em 2009. Beleza, uma queda de 28,7%. Cerqueira foi atrás de outro número, o das mortes violentas provocadas por causas externas "indeterminadas". O cadáver vai ao legista, e ele não diz se foi homicídio, acidente ou suicídio.

Até 2006, a taxa do Rio caía de 13 para 10 mortos para cada cem mil habitantes. A do Brasil, de seis para cinco, onde permanece. Em 2007, início do governo de Sérgio Cabral, os "indeterminados" passaram a ser 20 para cada cem mil habitantes. Em 2009 foram 22, ou seja, 3.615 almas. Com 8% da população do país, o Rio produziu 27% dos "indeterminados" nacionais.

Entre 2000 e 2006, o número de mortos por armas de fogo, sem que se pudesse dizer se foi acidente, suicídio ou homicídio, baixara para 148. A partir de 2007, os casos "indeterminados" cresceram e, em 2009, chegaram a 538, um aumento de 263%. São Paulo, com uma população três vezes maior, registrou 145 casos.

Cerqueira foi além. Buscou o perfil das vítimas registradas expressamente como de homicídio, acidente ou suicídios. Geralmente, de cada dez pessoas mortas por causa externa violenta, oito foram assassinadas. Essa vítima tende a ser parda e jovem, tem baixa escolaridade e morre na rua. Comparou esse perfil com os dos "indeterminados" e foi na mosca. Ele morreu de tiro, estava na rua, era pardo e tinha entre 4 e 7 anos de estudo.

Fazendo o mesmo teste com os "indeterminados" anteriores a 2006, o economista estimou que no Rio, na média, pacificavam-se 1.600 homicídios a cada ano. Em 2009, pacificaram-se 3.165.

Com a palavra Daniel Cerqueira:

"Um último número chama a atenção, por ser completamente escandaloso, seja do ponto de vista da falência do sistema médico legal no estado, seja por conspirar contra os direitos mais básicos do cidadão, de ter reconhecido o fim da sua existência: apenas em 2009, 2.797 pessoas morreram de morte violenta no Rio de Janeiro, e o estado não conseguiu apurar não apenas se foi ou não um homicídio, mas não conseguiu sequer descobrir o meio ou o instrumento que gerou o óbito. Morreu por quê? Morreu de quê?"

Num exercício que não é da autoria de Cerqueira, se o Rio tivesse permanecido na taxa de "indeterminados" de 2006 e se 80% dos pacificados de 2009 fossem classificados como homicídios, a feliz estatística daquele ano passaria de 5.064 para 7.956 mortos.

Os números dessa pacificação saem dos serviços de medicina legal dos sistemas de segurança dos estados e dos municípios, mas as tabulações nacionais são concluídas pelo Ministério da Saúde. Se os doutores de Brasília percebessem que estão propagando informações desprovidas de nexo, como se rinocerontes se banhassem na Praia do Arpoador, algumas auditorias seriam suficientes para acabar com a distribuição de gatos como se fossem lebres.

Serviço: "Mortes violentas não esclarecidas e impunidade no Rio de Janeiro" está no site do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.


Elio Gaspari


Fonte: O Globo

domingo, 9 de outubro de 2011

Indiferença à violência, não!

O artigo “Indiferença à violência, não!”, de autoria do diretor-tesoureiro do Conselho Federal da OAB, Miguel Cançado, foi publicado na edição do dia 28/09/2011, do jornal O Popular. Confira:



De novo! Pego o jornal O Popular logo cedo e nem preciso abri-lo, pois a manchete de capa já é bastante para me indignar, assustar, provocar a vontade de sair às ruas pedindo, em alto e bom som, que algo seja imediatamente feito. O tema é o novo recorde de homicídios em Goiânia.

Mas, estranho, muito estranho, é que ao circular por uma cafeteria, passar por alguns outros lugares movimentados da cidade no início da manhã de segunda-feira, não vejo a repercussão que esperava, não sinto nas pessoas a mesma sensação de assombro que me domina. Tentei falar do assunto de uma forma profunda, mas não consegui. Nossas ações são mais de apatia que de indignação ou revolta. Outros temas dominam o interesse geral!

Diante desse cenário de início de semana fico, então, a me perguntar: será que estou errado em querer pensar quais as soluções e quais as atitudes devemos tomar? Será que exagero nessa minha inquietação? Afinal, ficar sabendo que nossa querida capital atingiu números iraquianos de uma guerra silenciosa e cruel, e que vitima principalmente jovens, parece não ter grande importância para as pessoas diante da crise econômica mundial ou dos resultados do campeonato brasileiro do final de semana.

Desigualdades sociais, tráfico de drogas e seus intermináveis acertos de contas. Estes são, conforme temos visto, os móveis principais dessa escalada cada vez mais crescente. Segundo o texto da reportagem a que me refiro, o "tráfico e o uso de drogas, presentes em todos os bairros e diferentes classes sociais, são os principais motivadores dos assassinatos em Goiânia". Quem o diz é a própria Polícia Militar.

A Constituição Federal, tão pródiga em direitos e garantias, logo em seu preâmbulo, fala da instituição de um Estado democrático, destinado a assegurar a todos a liberdade, a segurança e a harmonia social. Ocorre que as estatísticas mostradas em maio e setembro são a demonstração clara de que não tem sido assim. Sou, assim, contrariado, mas forçado a concluir: esse Estado pensado pelo legislador constituinte, ao que se vê, cada dia mais se transforma numa quimera, num ideal inatingível.

Mas, e daí, se o meu time ganhou ou perdeu no domingo ou se o dólar dispara em desabalada carreira? E daí se a maioria de nós ainda não foi atingida pela dor da perda?

Sem querer ser pueril ou leviano na minha indignação, mas ainda que o sendo, penso que há de surgir caminhos a serem trilhados para combater esta situação e o simples aumento do número de delegados em determinada unidade policial não me parece suficiente para que, de fato, o quadro seja revertido.

Segundo Rui Barbosa, "a violência é mãe da violência". Pois é! E até quando iremos ficar todos às portas desta maternidade chamada Goiânia vendo a mãe violência gerar novos e indesejados números?

sábado, 8 de outubro de 2011

Oficiais da PM terão desempenho avaliado a cada 6 meses, podendo ir para a reserva

O novo comandante geral da PM, coronel Erir da Costa Filho. Foto de Marco Antônio Cavalcanti / Agência O Globo


RIO - Antiguidade não é mais posto, pelo menos na Polícia Militar idealizada pelo novo "zero um" da corporação. O recém-nomeado comandante, coronel Erir Costa Filho, vai implantar uma nova metodologia para avaliar comandantes de batalhões e seus oficiais subordinados. A cada seis meses eles receberão conceitos como excelente, muito bom, bom, regular e insuficiente em suas fichas funcionais. No boletim da meritocracia, quem levar o conceito mais baixo duas vezes será submetido ao Conselho de Justificação, que julga oficiais, e pode acabar no banco de reserva da PM. A medida tem objetivo didático, pois vai exigir mais empenho dos que ocupam o topo da pirâmide hierárquica da corporação, gerando um efeito cascata sobre a tropa.

- A pró-atividade vai ter que vir de cima para baixo. Os líderes têm que dar o exemplo - frisou o comandante.


Para implementar o modelo de avaliação, que segue moldes de gestão comuns na iniciativa privada, o coronel Costa Filho pretende lançar mão do regulamento de promoções da corporação, que será revisto. As avaliações serão feitas pelos comandantes dos batalhões, que também serão avaliados por seus superiores - os comandantes de área. Semestralmente, eles serão obrigados a dar conceitos à atuação dos oficiais subordinados - capitão, major e tenente-coronel. As avaliações serão monitoradas pela Seção de Promoções, setor que vai ganhar fôlego com maior investimento na estrutura de pessoal e equipamentos.
 
 
Sérgio Ramalho (sergio.ramalho@oglobo.com.br)
 
 
Fonte: O Globo

domingo, 2 de outubro de 2011

Cabo preso diz ter recebido o apoio de coronel

Execução da Juíza



O coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira não apostava numa punição para os policiais do Grupo de Ações Táticas (GAT) do 7 BPM (São Gonçalo) pelo assassinado da juíza Patrícia Acioli. O cabo Sérgio Costa Júnior, o primeiro a aderir à delação premiada, confirmou que o coronel esteve na prisão militar antes dele mesmo ser preso, garantindo que "tudo ia passar".

- Ele fez uma reunião com todos, deu uma palavra de conforto. Disse que tudo ia passar. E depois só ficou o tenente (Daniel Benitez) conversando com ele, não sei dizer por quanto tempo - afirmou o cabo, em entrevista ao Fantástico , da TV Globo.

Sérgio e Benitez foram os autores dos 21 disparos que mataram a juíza, dentro do condomínio onde ela morava, no dia 11 de agosto. O cabo afirmou, na entrevista, que atirou com duas pistolas, de calibres 40 e 45. O tenente seria o autor dos tiros de revólver 38. Sérgio disse estar arrependido e temer pela vida da família:

- Saiu nos jornais que por causa do meu depoimento o coronel foi preso. Na verdade, não falei no nome do coronel. Quem falou no coronel foi o tenente Benitez - disse.

O cabo revelou ainda que a ideia de assassinar a juíza partiu do tenente Benitez, que conversou com a equipe do GAT entre abril e maio. Patrícia Acioli incomodava aos PMs porque colocava em risco o faturamento do batalhão. Os policiais lotados na unidade de São Gonçalo partilhavam armas, drogas e dinheiro apreendidos com bandidos, itens que eram chamados de espólio de guerra.

- Uma vez, o tenente reservou uma parte do espólio para o coronel. Se entregou, não posso dizer - afirmou o cabo Sérgio.

Outro cabo que aceitou participar da delação premiada disse que o batalhão arrecadava entre R$ 10 mil e R$ 12 mil por semana. O que passasse desse valor, iria para o coronel, de acordo com o relato da testemunha.


Renata Leite - O Globo


Fonte: Blog do Noblat

sábado, 1 de outubro de 2011

Especialistas defendem parceria para combater violência no Entorno

GGS



Kléber Lima/CB/D.A Press - 8/4/2011 (O coronel Edson Costa pede a cooperação entre os governos de DF e Goiás)
Kléber Lima/CB/D.A Press - 8/4/2011

Apesar dos elevados índices de violência nas cidades do Entorno, nenhum dos 19 municípios goianos que circundam o Distrito Federal tem secretaria específica para segurança pública. Guarda Municipal só existe uma, localizada em Cristalina. A insegurança e a precariedade da Região Integrada de Desenvolvimento (Ride) estão descritas em um relatório inédito produzido pelo Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime (UNODC) e pelo Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente (Ilanud). Ontem, especialistas e autoridades de Goiás e do DF discutiram as falhas e defenderam uma parceria. Apesar disso, nenhuma decisão concreta foi tomada.

Somente nos oito primeiros meses deste ano, 426 pessoas foram assassinadas nas cidades do Entorno. No mesmo período do ano passado, a Polícia Civil goiana registrou 347 mortes violentas. Mesmo com os elevados índices de homicídios, existem 10 mil inquéritos não investigados nas delegacias goianas. “São números duros, mas é a realidade que vivemos”, disse o coronel Edson Costa, chefe do Gabinete de Gestão de Segurança Pública do Entorno. Durante o Seminário Sobre Gestão e Governança da Segurança Pública no Distrito Federal e Entorno, realizado na Universidade de Brasília (UnB), os especialistas debateram a importância de uma parceria e ajuda financeira do DF e da União.

O estudo que aponta falhas na gestão de segurança do Entorno foi elaborado entre 2009 e 2010. Para Nívio Nascimento, coordenador da área de Segurança Pública e Prevenção ao Crime da UNODC, a falta de estrutura nas unidades policiais das regiões goianas precisa ser encarada com mais seriedade. “Muito se fala, mas pouco se faz. Há uma necessidade de articulação e cooperação entre os governos de Goiás e do Distrito Federal”, afirma o coordenador.

De acordo com o coronel Costa, o Entorno do DF precisa de R$ 500 milhões para investimentos estruturais — criação de mais delegacias, principalmente as especializadas, e compra de mobiliários e equipamentos para as unidades — e outros R$ 500 milhões anuais para despesas com efetivo de policiais militares e civis, e do Corpo de Bombeiros. O oficial defende que parte da verba seja custeada pelo DF e pelo Governo Federal. “É preciso um compartilhamento de responsabilidades. É possível direcionar 5% do Fundo Constitucional para o Entorno”, disse.

A proposta do Gabinete de Gestão de Segurança Pública do Entorno é que sejam criadas pelo menos 34 unidades policiais e que o efetivo de policiais militares alcance 4.010 militares — hoje são 1.746. O coronel Jaílson Ferreira Braz, da Secretaria de Segurança Pública do DF, reconhece que a falta de infraestrutura do Entorno reflete negativamente no DF. “Faremos uma construção na regra de políticas de segurança, em que é preciso dar atenção à saúde e à educação, pois a população do Entorno procura esse serviço aqui no DF”, afirma.

Mesmo com o diálogo entre os especialistas, que durou todo o dia de ontem, nada ficou decidido sobre mudanças e melhorias. “Tudo isso depende de acordos políticos. Vamos reunir os governantes de Goiás e do DF para discutir e bater o martelo”, disse o coronel Edson Costa.

Interesses comuns

A Ride foi criada pela Lei Complementar nº 94, de fevereiro de 1998, e regulamentada pelo Decreto nº 2.710, de agosto do mesmo ano. É composta pelo Distrito Federal e por 22 municípios de Goiás e de Minas Gerais, que têm interesses comuns em serviços públicos de infraestrutura e segurança pública.


Kelly Almeida


Fonte: Correio Braziliense