segunda-feira, 31 de maio de 2010

Major Araújo

Presidente dos Policiais e Bombeiros Militares



O 31 de maio entra para a história goiana.

Nesta data um major do quadro de combatentes assumiu o comando moral de todas as entidades de classe representativas dos policiais e bombeiros militares.

De agora em diante qualquer negociação exigirá a presença do Major Araújo, presidente do clube dos oficiais e voz dos praças.

Pré candidato a deputado estadual, Araújo provou que tem potencial eleitoral suficiente para ser o representante dessa classe na câmara dos deputados.

Esta é a vontade da tropa.

domingo, 30 de maio de 2010

Afeganistão, Bolívia, México

Oferta quando há demanda é vetor dificílimo de controlar. O Brasil precisa de uma política eficaz para diminuir radicalmente o consumo de cocaína, entre outras drogas



Dias atrás Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a Embrapa pode ajudar o Afeganistão a substituir a papoula por outras culturas. Seria teoricamente uma bela contribuição pátria para desatar o nó estratégico das relações entre a política e o crime no país asiático: a estreita ligação do establishment com a produção e o tráfico de drogas.

Depois de por fim à presença soviética, o islamismo radical afegão cuidou de combater os senhores da papoula, e o governo do Talibã conseguiu resultados expressivos. Mas aí os talibãs tiveram a péssima ideia de dar salvo conduto à Al Qaeda, e de suportá-la no ataque aos Estados Unidos em 2001. Era uma retribuição pelo apoio recebido na guerra contra a URSS. Acabou mal, como se sabe.

Americanos de um lado, talibãs do outro, quem voltou a mandar no Afeganistão foi a turma da papoula. Cada lado cultiva — sem trocadilho — boas relações com esse revigorado motor da economia.

É um emblema da realpolitik de Washington: enquanto apertam a tenaz sobre o mercado da coca no noroeste da América do Sul, os Estados Unidos fecham taticamente um olho ao negócio da papoula na Ásia Central. Porque as Farc são adversárias, mas se você definir o combate à droga como pré-requisito para alianças políticas no Afeganistão você não achará aliado ali hoje em dia.

A realpolitik não é monopólio dos americanos, e até escrevi que no quesito ninguém chega aos pés de Lula. Se a Embrapa pode ajudar a diminuir a presença da papoula na economia afegã, por que sua excelência não impõe uma dinâmica semelhante nas relações com a Bolívia, quando o tema é a coca?

Talvez porque desfilar teorias sobre um pequeno país nos confins do mundo é uma coisa, outra coisa é tratar, em termos práticos, um problemaço bem aqui ao lado.

Evo Morales ascendeu em La Paz combatendo a pressão americana para o país diminuir a área plantada de coca. Esse é o nó político. Quem combatia ali a coca era (e é) tratado como serviçal americano. A retórica soa-lhe familiar?

E há o nó econômico. A Embrapa tem expertise para oferecer soluções técnicas, mas a matriz da confusão não está na inexistência de culturas alternativas à papoula e à coca no Afeganistão e na Bolívia, respectivamente. O impasse não é científico. A variável-chave é o dinheiro, o valor do mercado, do negócio. O xis da equação é a demanda pela droga e a rentabilidade da coisa.

Recentemente o governo americano admitiu o triste papel de seu país na tragédia em que o México mergulhou por causa do tráfico. Hillary Clinton foi lá e fez o mea culpa. O mercado americano é suficientemente valioso para justificar a atividade de alto risco ao sul do Rio Grande.

O México não estaria às voltas com a violência trazida pelos barões da droga se os americanos não estivessem dispostos a consumir a mercadoria que chega do vizinho.

É uma conta simples e universal. Considerada a demanda, qual o preço que compensa o investimento e garante o lucro máximo, tomados o risco de investir e a presença dos concorrentes?

No ótimo filme de Ridley Scott American Gangster, Frank Lucas (Denzel Washington) monta um esquema tão macabro quanto genial durante a Guerra do Vietnã: trazer dentro dos caixões dos militares mortos heroína do Sudeste Asiático para vender em Nova York.

Oferta quando há demanda é vetor dificílimo de controlar.

O PSDB introduziu na campanha o tema da cocaína vinda da Bolívia. Rapidamente o assunto caiu na gaveta da retórica. Discute-se a forma, se é a mais adequada para tratar um ponto delicado na relação com o país vizinho. O governo reagiu como se o assunto estivesse restrito aos limites da diplomacia.

Ora, não estamos tratando de gás natural, agenda que aliás Lula conduziu muito bem, preservando ao mesmo tempo o abastecimento e as relações com os bolivianos. Está em jogo a saúde dos nossos filhos e netos, o futuro dos nossos jovens, especialmente os mais pobres — as grandes vítimas do crack.

A poucos meses da eleição, o governo percebeu que precisamos lutar contra o crack. Por isso é que é bom ter eleição quase toda hora. Perto dela os governantes lembram rapidinho do que antes cuidaram de esquecer.

O Brasil precisa de uma política eficaz para diminuir radicalmente o consumo de cocaína, entre outras drogas. É urgente aumentar a pressão sobre o país de Evo Morales, mas não basta. Apertar o mercado consumidor é essencial para maximizar a eficácia da repressão ao narcotráfico.

Reduzir a demanda e aumentar (muito) o risco do negócio são as duas pernas do bom combate ao mal.


Fonte: Blog do Alon

Imóveis em favelas com UPP sobem até 400%

Investimento



RIO - Um terreno de 3.700 metros quadrados e a tranquilidade que domina o lugar desde a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foram o bastante para o músico Renato Ferro da Silva decidir virar empreendedor. Ele comprou a área, na Rua Aboará, no Jardim Batan, em Realengo, parcelou informalmente e está vendendo os lotes, com 50 metros quadrados cada, do condomínio Novo Batan. Como o Batan, as outras 17 comunidades ocupadas vem inchando desde que deixaram de ser dominadas por traficantes ou milicianos, conforme mostra reportagem de Selma Schmidt, publicada na edição deste domingo no jornal O GLOBO.

A construção de puxadinhos e de mais um andar - para criar novos quitinetes e abrir espaço para mais gente - virou um cenário comum em favelas pacificadas. As associações de moradores dizem que, agora, é difícil achar imóveis para alugar ou vender. E os poucos disponíveis tiveram uma valorização de até 400% - caso de um quarto e sala à venda na Cidade de Deus, que foi de R$ 2 mil para R$ 10 mil - , de acordo com levantamento feito pelo estado. As casas de dois quartos nessa comunidade são negociadas a R$ 60 mil (100% de aumento). O aluguel de uma loja dentro da favela custa R$ 500, 150% a mais do que antes da inauguração da UPP, em fevereiro de 2009.

- Sempre se espera a valorização de locais que deixam de ser violentos. Mas o aumento de preços na Cidade de Deus me surpreendeu. Isso mostra que o que impedia a valorização do lugar era a violência - diz o secretário-chefe da Casa Civil do estado, Régis Fichtner.

O camelô Vanderlei da Silva Fonseca está entre os que vislumbram lucro com imóveis. Ele está construindo três quitinetes sobre sua casa, na Providência, última favela a ganhar uma UPP, em abril:

- Tem interessado na fila para alugar. Vou alugar duas por R$ 200 e uma por R$ 250.

Para Sérgio Magalhães, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil no Rio (IAB-RJ), é fundamental a presença efetiva da prefeitura nas comunidades ocupadas, a fim de orientar os moradores, fazer cumprir normas de construção e conter a expansão das favelas.

Na primeira favela pacificada, o Santa Marta, o levantamento do estado revela um aumento de 200% nos aluguéis de imóveis de quarto sala, que já custam R$ 450 no alto da favela.

O estado fez a pesquisa com associações e moradores. Os imóveis mais caros à venda foram identificados na parte baixa dos morros Tabajaras e Cabritos: R$ 80 mil, por uma loja; e R$ 70 mil por um dois quartos. No aluguel, os maiores preços foram encontrados na parte baixa do Chapéu Mangueira e da Babilônia: R$ 4 mil por uma loja e R$ 2 mil por um dois quartos. Nesses morros, para comprar um dois quartos é preciso pagar R$ 50 mil (mais 66%). Quem quer mais espaço, contudo, tem que desembolsar mais, como fez o garçom Marcelo Miranda Castro, de 49 anos, que pagou R$ 70 mil por uma casa no miolo do Chapéu Mangueira, com vista privilegiada da praia.

- Estou fechando o terraço e melhorando a casa, mas não é para alugar - revela Marcelo, que deixou a casa menor, no Chapéu, para um irmão.
Fonte: O Globo

quarta-feira, 26 de maio de 2010

CCJ da Câmara aprova emenda que acaba com controle externo da polícia

Proposta de Emenda Constitucional



A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira proposta de emenda constitucional que acaba com o controle externo da atividade dos policiais, hoje exercida pelo Ministério Público.

Pela proposta, que agora será analisada numa comissão especial, cria-se o Conselho Nacional de Polícia, que será responsável por apurar denúncias contra os policiais, abrir processos disciplinares e editar atos que regulamentam a atividade.

Vários pontos da proposta foram contestados por deputados da comissão. Para Flávio Dino (PC do B-MA), há uma violação ao pacto federativo pois retira dos governos estaduais a fiscalização das ações administrativas da polícia. A Constituição estabelece que os Estados têm controle sobre as forças policiais.

"O delegado será senhor absoluto de todo o processo", argumentou Dino. Segundo a proposta, o conselho será formado por 17 integrantes, 10 deles delegados. "Esta anomalia fica evidente quando se questiona quem irá julgar o delegado."

O autor da PEC, deputado Régis de Oliveira (PSC-SP), rechaçou as críticas. "Estamos criando um conselho para reprimir o abuso dos delegados de polícia." Para ele, o conselho atuará nos moldes do Conselho Nacional do Ministério Público e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

O mesmo entendimento é seguido pelo relator da emenda, deputado Marcelo Ortiz (PV-SP). "Estamos igualando magistrados, promotores e delegados."

O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, Carlos Eduardo Benito Jorge, defendeu a emenda e criticou a atuação do Ministério Público. "Eles só apuram o que tem holofote". Para ele, o controle a ser exercido pelo conselho será mais abrangente porque contará com representantes da sociedade.

A mudança ampliará os casos de impunidade na polícia no entendimento do presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, César Mattar Júnior. "A polícia não quer se submeter ao controle de ninguém. O controle passará a ser interno. Quem perde é a sociedade", disse.


NANCY DUTRA


Fonte: Folha de São Paulo

terça-feira, 18 de maio de 2010

Polícia Federal anuncia paralisação de 24 horas

Segurança zero



Policiais Federais de todo o País vão paralisar as atividades por 24 horas a partir de amanhã. Em alguns locais, como aeroportos, portos e fronteiras, os agentes realizarão operação padrão.

De acordo com nota da Federação Nacional do Policiais Federais (Fenapef), os profissionais pedem a reestruturação da carreira e da tabela salarial da categoria.

Amanhã, os policiais farão uma avaliação do diretor-geral, superintendentes e chefes de delegacia em todas as unidades da PF no País.


Priscila Trindade

Fonte: Agencia Estado

PM faz operação tartaruga; PC para

Mobilização das categorias.


A semana começou em Goiás com a paralisação das atividades dos delegados da Polícia Civil e o início de uma operação tartaruga na Polícia Militar. A mobilização das categorias é uma resposta ao governo estadual que, na semana passada, sinalizou com a impossibilidade de atender as reivindicações relacionadas principalmente às perdas salariais. Ontem, aproximadamente 200 dos 381 delegados na ativa, se reuniram em assembléia na sede da Associação dos Delegados do Estado de Goiás (Adpego).

Na Polícia Civil, o descontentamento da categoria é visível. Mobilizados em assembléia permanente, os delegados reclamam perdas salariais da ordem de 30% nos últimos cinco anos para os profissionais em início de carreira e um percentual ainda maior para quem já atingiu o topo.


Os mais de 380 delegados na ativa em Goiás, a metade deles na capital, recebem hoje salários brutos que variam de R$ 8,7 mil (iniciante) a R$ 12,8 mil (classe especial), estes estão desde 2003 sem reajustes. De acordo com Wilson Luiz Vieira, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Goiás (Sindepol), os subsídios são insuficientes para atrair novos delegados. No último concurso, segundo ele, foram aprovados 110 candidatos, mas somente a metade aceitou assumir o cargo, optando por carreiras jurídicas ou delegacias de outros Estados.


Na manhã de ontem, poucos delegados compareceram aos seus locais de trabalho na capital. Nas especializadas, apenas Jorge Moreira, titular da Delegacia de Homicídios, encaminhou algumas atividades. Muitos profissionais do interior do Estado também marcaram presença na assembleia da categoria.


Presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM, Gilberto Cândido de Lima, explicou que a operação tartaruga ainda não é uma greve, mas deve desencadear uma paralisação. Segundo ele, os militares vão continuar a comparecer em seus postos de trabalho, mas as atividades de segurança pública serão desempenhadas lentamente. “Uma ocorrência que demoraria 3 minutos para ser atendida, será prolongada por 30 ou 60 minutos”, exemplificou.


De acordo com as entidades militares, por causa do impasse em resolver o problema da dívida da Celg, o Poder Executivo alega falta de recursos para o pagamento das perdas salariais da categoria.


Malu Longo


Fonte: Jornal O Popular

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Força Nacional é inútil

Diz Serra

Candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra criticou veementemente a criação da Força Nacional de Segurança, subordinada ao Ministério da Justiça, e a chamou de inútil porque não combate o crime de tráfico de drogas e armas nas fronteiras do país.

Lembrou que a Força é formada por policiais militares cedidos pelos estados e que se reúnem em missões especiais sem o tempo necessário para preparo. Serra promete também equipar fortemente as Forças Armadas para o trabalho nas fronteiras.

As declarações foram feitas na entrevista ao programa Tribuna Independente, que vai ao ar, hoje, às 22h na Rede Vida de TV.
Fonte: Blog do Noblat

sábado, 8 de maio de 2010

Número dois das Farc é preso no Brasil

Informa site do jornal 'El País'.



RIO - O número dois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), José Luis Sanchez, foi preso pela Polícia Federal brasileira em Manaus, no Amazonas, com outras oito pessoas e 45 quilos de cocaína, informa o site do jornal 'El País'. Responsável pelas finanças da guerrilha colombiana, ele vivia no Brasil com uma identidade falsa. Ele era conhecido na região como Daniel Rodrigues Horosco ou Tatareto.

José Luis Sanchez era procurado pelo governo colombiano por envolvimento em assassinatos, seqüestros e extorsões. Ele foi identificado a partir de impressões digitais obtidas com o governo colombiano. Segundo o policial Leandro Almada da Costa, um dos irmãos do guerrilheiro estava entre as pessoas que foram presas com ele. Ele também usava identidade falsa.

A Polícia Federal nega que as FARC tenham uma base de operações no Brasil. Segundo as autoridades, Sanchez e seus companheiros estavam no Brasil para atuar exclusivamente no tráfico de drogas que ajudaria a financiar a instituição, e não para fins políticos. Ele foi preso em uma das casas que possuía em Manaus, capital do Amazonas. A polícia também apreendeu uma estação de rádio através da qual o guerrilheiro se comunicava com a base das Farc na Colômbia.

Tatareto já havia sido preso uma vez com 10 quilos de cocaína em Manaus, mas foi inocentado por seu motorista, que alegou ser dono da mercadoria ilegal. Ele está agora em uma prisão na Amazônia.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê as FARC como um movimento de libertação e não um movimento terrorista. Em mais de uma ocasião, o governo brasileiro se ofereceu para mediar as conversas entre as FARC e o governo da Colômbia.


Fonte: O Globo

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Secretário Nacional de Segurança é investigado

Tuma Júnior e chefe da máfia chinesa - tudo a ver

Justificar

Gravações telefônicas e e-mails interceptados pela Polícia Federal (PF) durante investigação sobre contrabando ligam o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, ao principal alvo da operação, Li Kwok Kwen, apontado como um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo.

A relação de Tuma Júnior com Kwen, também conhecido como Paulo Li, foi mapeada ao longo dos seis meses da investigação que deu origem à Operação Wei Jin, deflagrada em setembro de 2009.

Paulo Li foi preso com mais 13 pessoas, sob a acusação de comandar uma quadrilha especializada no contrabando de telefones celulares falsificados, importados ilegalmente da China.

Ao ser preso, Paulo Li telefonou para Tuma Júnior na frente dos agentes federais que cumpriam o mandado. Dias após a prisão, ao saber que seu nome poderia ter aparecido no inquérito, Tuma Júnior telefonou para a Superintendência da PF em São Paulo, onde corria a investigação, e pediu para ser ouvido.

O depoimento foi tomado num sábado, para evitar exposição. Tuma declarou que não sabia de atividades ilegais de Li. O surgimento do nome Tuma Júnior no inquérito seguia em segredo até agora.

O esquema, estimou a PF à época, girava R$ 1,2 milhão por mês. Os aparelhos eram vendidos no comércio paralelo de São Paulo e no Nordeste. Denunciado pelo Ministério Público Federal pelos crimes de formação de quadrilha e descaminho, Li seguia preso até ontem.

Além de ocupar um dos postos mais importantes da estrutura do Ministério da Justiça, Tuma Júnior preside, desde o último dia 23 de abril, o Conselho Nacional de Combate à Pirataria.

Foi investigando Paulo Li - a quem a PF se refere nos relatórios como comandante de "uma das maiores organizações criminosas de São Paulo e do Brasil" - que os policiais descobriram seus laços com Tuma Júnior. Entre os telefonemas gravados com autorização judicial, são frequentes as conversas de Li com o secretário nacional de Justiça.

Li, que de acordo com as investigações também ganhava dinheiro intermediando a emissão de vistos permanentes para chineses em situação ilegal no País, tinha livre trânsito na secretaria.

De acordo com o inquérito, Li conseguia agilizar processos em tramitação no Departamento de Estrangeiros, órgão subordinado diretamente ao secretário.

Os telefonemas também revelam o secretário como cliente assíduo do esquema: sem hesitar, ele fazia encomendas por telefone de aparelhos celulares, computador e até videogame.

As gravações mostram Li especialmente interessado nos bastidores da aprovação da lei que deu anistia a estrangeiros em situação irregular no País. Assim que a lei foi sancionada, em julho passado, o chinês logo passou a intermediar a aprovação de processos de anistia.

As demandas de Paulo Li eram transmitidas abertamente a Tuma Júnior - muitas delas, por telefone. Nos contatos, o secretário se mostrava diligente, de acordo com a PF.

Num deles, em 1º de agosto de 2009, ele convida Li para uma conversa em Brasília ou em Ribeirão Preto, onde daria palestra dias depois. "Eu tenho um monte de respostas daqueles negócios. Se você quiser vir...", disse.

Tuma demonstra ter proximidade com Li, a ponto de convidá-lo para dividir o quarto de hotel caso quisesse encontrá-lo durante seu compromisso oficial em Ribeirão Preto. "Mesmo que você tenha que dormir lá, você dorme comigo no quarto. Não tem problema. E você não paga hospedagem", afirmou.

Durante busca e apreensão no escritório de Li, os policiais federais apreenderam cartões de visita, com brasão da República e tudo, em que o chinês se apresentava como "assessor especial" da Secretaria Nacional de Justiça, comandada por Tuma Júnior.

Nos contatos com o secretário, Li se mostrava ansioso pela aprovação da anistia. "Está todo mundo esperando a anistia, hein, caramba!", disse, em 29 de maio. "Eu sei, eu vou ver esta semana", respondeu Tuma.

Assim que a lei foi aprovada no Congresso, semanas depois, Tuma se encarregou de dar a notícia ao amigo chinês. "Já aprovou, viu?", anunciou. "Ih, caramba! Coisa boa!", festejou Li. "Só que mantiveram a data de primeiro de fevereiro", ressalvou o secretário, referindo-se ao fato de a lei beneficiar imigrantes que ingressar no Brasil até 1º de fevereiro de 2009.

"Agora vai pro presidente, ele vai marcar uma data pra assinar", diz Tuma. O chinês pede: "Me avisa, hein". Tuma não só avisou mas colocou Li, à época já investigado pela PF, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia em que a lei foi sancionada, em 2 de julho.


Rodrigo Rangel


Fonte: O Estado de S.Paulo


Leia mais no Blog do Noblat:

Li mandava e-mail a Tuma Júnior com lista de processos

Trechos das conversas interceptadas pela PF