quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Assaltos-relâmpago: realidade e estratégias

Violência




Dois assaltos em via pública de grande volume de tráfego, o Elevado Paulo de Frontin, ocorreram no Rio, em um período de 12 horas, entre a noite de ontem e a manhã de hoje, desafiando o aparelho policial do estado. Outros locais também têm sido alvo de tal prática criminosa. Tal fato gera naturalmente o medo concreto e difuso entre motoristas e passageiros, precisando ser alvo de estudos e reflexões. O aparelho policial precisa ter como objetivo combater esse tipo de crime com eficácia e replanejar ações preventivas e repressivas. A prática criminosa não é novidade, é resultado da ação de dois fatores básicos: vontade de cometer e oportunidade de fazê-lo.

 
A resposta policial imediata para os assaltos-relâmpago é estratégia extremamente difícil, porque, neste caso, a chamada "mancha criminal" é flutuante e irregular quanto a locais e hora de cometimento de tal delito. A polícia não pode ser onipresente em todas as vias e o banditismo atua de forma dinâmica, fora das vistas das guarnições policiais, através do elemento surpresa, em qualquer hora e qualquer local. Ressalte-se que tais marginais usam possantes armas e que um confronto com a polícia em via pública pode causar grandes tragédias, vitimando policiais e transeuntes. Um perigo iminente e real. Um confronto bélico que deve se evitar.

 
A melhor estratégia, além do aumento do patrulhamento dinâmico, através do uso de motocicletas, é atuar pró-ativamente, incursionando/penetrando nos nascedouros do reduto marginal, apreendendo armas e prendendo integrantes dos "bondes do terror". Enquanto houver perigosos delinquentes circulando em morros e favelas com armas de guerra, os assaltos-relâmpago em vias públicas continuarão ocorrendo e desafiarão o aparelho policial, que corre o risco até mesmo de ficar impotente diante de um crime de complexa e difícil repressão. É muito difícil tentar cobrir o terreno com o cobertor curto para reduzir as oportunidades do crime.

 
O 'estado policialesco' só existe no imaginário. É irreal. Sempre haverá demanda criminal e constante cobrança por mais policiamento. Por outro lado, a polícia ostensiva sempre terá limites de efetivo e de atuação. O policiamento estático das UPPs tem menor complexidade, pois cobre uma área delimitada e de acesso controlado. No extenso espaço urbano, o contexto e as características do trabalho policial são completamente diferentes. É preciso refletir sobre isso, antes que nos julguemos impotente diante de tal prática criminosa que causa extrema preocupação.



Milton Corrêa da Costa
Coronel RR da PMRJ


Fonte: O Globo

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