quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Especialistas dizem que planos de Dilma e Serra não acabam com violência





Nem as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nem os Vants (veículos aéreos não tripulados) prometidos por Dilma Rousseff (PT). 

Tampouco a Guarda Nacional e o Ministério da Segurança Pública idealizados por José Serra (PSDB). 

Ao contrário do que propagandeiam os candidatos à Presidência, especialistas em segurança dizem que nenhuma das promessas é capaz de acabar com a violência ou impedir a entrada de drogas e armas no país. 

Para os especialistas, os pontos essenciais a serem discutidos --como uma reforma do próprio modelo de segurança pública no Brasil --foram deixados de lado. 

"Se executadas todas juntas, essas promessas provavelmente vão ajudar a criar um ambiente mais seguro, mas, no limite, não vão resolver o problema", diz o sociólogo Renato Sérgio de Lima, da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 

Uma das principais propostas de Dilma é levar a todo o país as UPPs, unidades policiais montadas em favelas dominadas por facções criminosas. A polícia se instala, expulsa os bandidos e restabelece a ordem. 

Dilma se ancora no relativo sucesso do programa no Rio. Para especialistas, porém, o modelo é muito local. 

"Só no Rio existem lugares onde a polícia não consegue entrar e permanecer. Não é à toa que precisa do caveirão [veículo blindado] para subir o morro", explica o sociólogo Arthur Trindade Costa, do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança da UnB (Universidade de Brasília). 

"É um reducionismo, uma distorção pensar que Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife precisam de UPP", acrescenta. 

FECHAR A FRONTEIRA
 
A promessa tucana da Guarda Nacional e a petista dos aviões não tripulados têm como objetivo fiscalizar as fronteiras do país. 

Para Ignacio Cano, sociólogo do Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), uma política mais acertada é investir "na investigação para desarticular o tráfico". 

"Não sou contra patrulhamento, mas é uma fantasia a ideia de que muita gente patrulhando acaba com o tráfico de drogas e armas. É impossível fechar uma fronteira como a brasileira", diz.

A promessa de Serra de criar o Ministério da Segurança Pública, na avaliação dos especialistas, também não elimina a violência e o crime organizado. 

"O ministério é uma medida que não me parece central", diz Theodomiro Dias Neto, professor de direito da Fundação Getulio Vargas. 

"Criando um ministério ou mantendo a secretaria nacional [ligada ao Ministério da Justiça], o importante é que haja competências claras e uma política federal voltada para os Estados." 

No Brasil, a execução da maior parte das políticas de segurança --como construção de presídios e manutenção das polícias Civil e Militar-- não cabe ao governo federal, mas aos Estados. À União compete basicamente induzir políticas nacionais e enviar verbas aos Estados. 

"O Ministério da Segurança talvez crie uma unidade de ação no governo, mas por si só não é solução", diz Paulo Sette Câmara, delegado federal aposentado e ex-secretário de Segurança do Pará. 

Procurada pela Folha, a equipe de Serra disse que não teria tempo hábil para comentar as críticas. A equipe de Dilma não respondeu. 



RICARDO WESTIN
ROGERIO PAGNAN


Fonte: Folha de São Paulo



sábado, 16 de outubro de 2010

Coronel Paraguaio made in China na SSP

Falso militar é preso trabalhando na Secretaria de Segurança



RIO - Um falso tenente-coronel do Exército que conseguiu enganar a cúpula da Secretaria estadual de Segurança Pública por três meses acabou preso quinta-feira. Dizendo-se militar, Carlos da Cruz Sampaio Júnior trabalhava na coordenação da Subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional, auxiliando na distribuição dos policiais e no planejamento integrado das polícias Civil e Militar. O golpe, no entanto, só durou o tempo da investigação pelo departamento de Recursos Humanos.

 
Após levantar a ficha de Carlos, a Secretaria de Segurança descobriu que ele não era das Forças Armadas, usava documentos falsos e possuía um revólver sem ter porte de arma. De acordo com as investigações, ele teria conseguido inclusive obter uma carteira de motorista com a documentação falsa de militar.

 
Quinta-feira, enquanto trabalhava, portando um revólver calibre 38, Sampaio foi preso por agentes da Secretaria de Segurança, no prédio da pasta, na Central do Brasil.

 
Encaminhado para a 4ª DP (Praça da República), ele foi preso em flagrante por porte ilegal de arma e indiciado por falsidade ideológica e falsificação de documento público.

 
- Ele está preso por porte ilegal de arma, mas vai responder também por falsidade ideológica e falsificação de documento público. Foram instaurados dois inquéritos, um para apurar o porte ilegal de arma e outro para analisar os demais casos - afirmou o delegado titular da 4ª DP, Ricardo Dominguez.

 
Golpista já havia trabalhado antes na secretaria

 
Filho de um oficial militar reformado, Sampaio chegou a fazer prova para entrar no Exército, mas foi reprovado. Porém, conhecia todos procedimentos do Exército e se portava como se fosse militar. Ele já havia trabalhado na pasta entre 2003 e 2006, durante o governo Rosinha Garotinho.

 
Atualmente, Carlos era coordenador da 1ª Região Integrada de Segurança Pública, que abrange as regiões Sul, Centro e Norte da capital. Ele chegou ao cargo após ser apresentado aos responsáveis pela Subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional, que o contratou por já ter trabalhado na pasta.

 
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, Carlos já foi exonerado. Ele está preso na Polinter do Grajaú.

 

Fonte: O Globo

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Assaltos-relâmpago: realidade e estratégias

Violência




Dois assaltos em via pública de grande volume de tráfego, o Elevado Paulo de Frontin, ocorreram no Rio, em um período de 12 horas, entre a noite de ontem e a manhã de hoje, desafiando o aparelho policial do estado. Outros locais também têm sido alvo de tal prática criminosa. Tal fato gera naturalmente o medo concreto e difuso entre motoristas e passageiros, precisando ser alvo de estudos e reflexões. O aparelho policial precisa ter como objetivo combater esse tipo de crime com eficácia e replanejar ações preventivas e repressivas. A prática criminosa não é novidade, é resultado da ação de dois fatores básicos: vontade de cometer e oportunidade de fazê-lo.

 
A resposta policial imediata para os assaltos-relâmpago é estratégia extremamente difícil, porque, neste caso, a chamada "mancha criminal" é flutuante e irregular quanto a locais e hora de cometimento de tal delito. A polícia não pode ser onipresente em todas as vias e o banditismo atua de forma dinâmica, fora das vistas das guarnições policiais, através do elemento surpresa, em qualquer hora e qualquer local. Ressalte-se que tais marginais usam possantes armas e que um confronto com a polícia em via pública pode causar grandes tragédias, vitimando policiais e transeuntes. Um perigo iminente e real. Um confronto bélico que deve se evitar.

 
A melhor estratégia, além do aumento do patrulhamento dinâmico, através do uso de motocicletas, é atuar pró-ativamente, incursionando/penetrando nos nascedouros do reduto marginal, apreendendo armas e prendendo integrantes dos "bondes do terror". Enquanto houver perigosos delinquentes circulando em morros e favelas com armas de guerra, os assaltos-relâmpago em vias públicas continuarão ocorrendo e desafiarão o aparelho policial, que corre o risco até mesmo de ficar impotente diante de um crime de complexa e difícil repressão. É muito difícil tentar cobrir o terreno com o cobertor curto para reduzir as oportunidades do crime.

 
O 'estado policialesco' só existe no imaginário. É irreal. Sempre haverá demanda criminal e constante cobrança por mais policiamento. Por outro lado, a polícia ostensiva sempre terá limites de efetivo e de atuação. O policiamento estático das UPPs tem menor complexidade, pois cobre uma área delimitada e de acesso controlado. No extenso espaço urbano, o contexto e as características do trabalho policial são completamente diferentes. É preciso refletir sobre isso, antes que nos julguemos impotente diante de tal prática criminosa que causa extrema preocupação.



Milton Corrêa da Costa
Coronel RR da PMRJ


Fonte: O Globo

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O Poder da Farda

Aumento de salários para policiais e militares






O governo equatoriano anunciou nesta segunda-feira o aumento salarial entre US$ 400 e US$ 570 para quatro patentes de policiais e militares em todo o país, quatro dias depois de uma revolta policial que levou o caos ao Equador.

O decreto faz parte de uma homologação salarial que estava pendente desde 2008, informaram os ministros da Defesa, Javier Ponce, e do Interior, Gustavo Jalkh, em entrevista coletiva hoje.

O ministro da Defesa negou que a medida esteja vinculada ao levante da quinta-feira passada, e disse que o decreto já tinha sido estudado desde agosto. "O acordo ministerial foi assinado no sábado. É lamentável que as datas tenham coincidido, mas é um assunto que já estava definido antes." Ele ainda garantiu que os valores recebidos por bônus e condecorações, estopim do levante da semana passada, não serão mexidos até dezembro deste ano.

Na última quinta-feira (30), o presidente ficou isolado em um hospital por quase 12 horas e só foi liberado no início da madrugada de sexta. Para levá-lo de volta ao palácio presidencial, o Exército do Equador e policiais rebelados entraram em confronto e houve troca de tiros. Em discurso após ser resgatado, Correa afirmou que fará uma "limpeza profunda na polícia nacional" e que "não haverá perdão, nem esquecimentos".

As intensas manifestações no país foram motivadas por uma proposta do governo que reduz benefícios salariais das forças de segurança e que está em votação na Assembleia Nacional. Em reação ao amplo protesto de policiais e de parte dos militares, o Equador decretou estado de exceção por uma semana em todo o território nacional e delegou o policiamento e a segurança interna e externa do país às Forças Armadas.


Fonte: Blog do Noblat

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Três coronéis são detidos

Equador



Três coronéis da polícia do Equador foram os primeiros detidos pelo motim que manteve retido o presidente da República, Rafael Correa, durante quase todo o dia na quinta-feira, segundo a imprensa local.

Os coronéis Manuel Rivadeneira, Julio César Cueva e Marcelo Echeverría terão que passar 24 horas na sede da Polícia Judiciária de Quito.

Posteriormente, deverão comparecer perante um juiz, que terá a responsabilidade de decidir se os mantém ou não na prisão.

Correa acusou os rebelados de terem tentado matá-lo enquanto estava preso no hospital.

O líder foi libertado por um contingente de militares e policiais de elite fiéis ao governo, mas durante os distúrbios em todo o país morreram oito pessoas, enquanto 274 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde.

 
Fonte: Folha de São Paulo