sábado, 26 de novembro de 2011

Governo federal planeja instalar UPP no entorno do DF

Precupado com o avanço da criminalidade no DF e no Entorno, o governo federal prepara plano de combate à violência que inclui a instalação de unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) até mesmo em alguns pontos da capital do país hoje dominados pelo tráfico



A Força Nacional de Segurança atua em cinco cidades do Entorno: Águas Lindas, Cidade Ocidental, Luziânia, Valparaíso e Novo Gama (Edilson Rodrigues/CB/D.A Press - 17/2/09
)
A Força Nacional de Segurança atua em cinco cidades do Entorno: Águas Lindas, Cidade Ocidental, Luziânia, Valparaíso e Novo Gama

A imagem de homens fardados e fortemente armados a ocupar pontos tomados pelo tráfico de drogas e por organizações criminosas chegará à capital do país. O governo federal prepara para o início do próximo ano um plano especial de segurança para o Distrito Federal e para o Entorno por causa do aumento excessivo da violência na região. Especialistas avaliam que, caso não haja providências imediatas, o problema poderá ficar sem controle em cinco anos. Uma das preocupações da União é que a criminalidade não se restrinja a áreas localizadas, mas se alastre pelo Plano Piloto e cresça em pontos considerados de risco, como a Estrutural. Dentro do plano, os governos federal e do Distrito Federal deverão adotar a tática da ocupação de territórios, como ocorre em favelas e em morros do Rio de Janeiro com as unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) (leia Memória).

Uma das preocupações das autoridades é com a possibilidade da migração do crime de outras regiões do país para o Entorno, onde as condições de atuação são atrativas, conforme estudos feitos pelo governo federal. “As posições geográficas facilitam, não há policiamento suficiente e há o fato de Brasília ter uma renda per capita altíssima”, observa um técnico da área de segurança da União. Pela avaliação do setor, a transferência poderia ser de criminosos do Rio, onde estão sendo realizadas as ações de expulsão dos bandidos. Não seriam grupos ligados a grandes organizações criminosas, mas pequenas facções que perderam o poder ou o status nas comunidades pacificadas.

Além disso, estudos do governo federal apontam que há uma nova dinâmica na atuação dos criminosos, que hoje estão organizados no Entorno e em áreas do Distrito Federal, como a Estrutural, a Ceilândia e o Itapoã. Outra observação feita por autoridades federais mostra que, onde as forças de segurança não entram com frequência, há crescimento no número de homicídios. “O que não pode acontecer é aceitar o acordo dizendo que a polícia não sobe o morro, mas o bandido também não desce”, diz o mesmo técnico. “A Estrutural, por exemplo, pode virar uma Águas Lindas dentro do DF”, observa a fonte. Os índices registrados na região, segundo estudos da União, são proporcionalmente superiores aos do Rio.

Hoje, a atenção das autoridades está voltada aos municípios goianos de Valparaíso (GO), Águas Lindas, Novo Gama e Luziânia, nos quais os efetivos policiais são pequenos e surgem novas modalidades de crimes contra a vida, como grupos de extermínio, entre outros — em algumas cidades, há a Força Nacional de Segurança. No encontro que houve na última terça-feira entre os governos federal, de Goiás, do Distrito Federal e de Minas Gerais, foi discutido como fazer para diminuir a violência. Ficou constatado que deverá haver uma maior integração não apenas entre as polícias, mas com os municípios. “Está na hora de os prefeitos encararem essa situação de forma mais firme”, cobrou o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, presente na reunião.

“Ilha desprotegida”

O plano de atuação do governo federal será apresentado no próximo ano à presidente Dilma Rousseff. Para o DF, é programado um sistema de monitoramento eletrônico no Plano Piloto, onde existirem maiores incidências de assaltos. A União também quer intensificar o recolhimento de armas, já que, desde o lançamento da campanha, há seis meses, foram recolhidas só 437. Hoje, são 37 postos em Brasília, sendo 34 na Polícia Civil, um na Federal e nenhum na PM.

Mas o ponto mais alto do planejamento é a possibilidade de algumas áreas consideradas perigosas —assoladas pelo narcotráfico e pelas quadrilhas organizadas — serem ocupadas pela polícia e até mesmo as Forças Armadas, como ocorreu no Rio, no ano passado, e mais recentemente na Favela da Rocinha. O assunto é tratado com sigilo pelas autoridades. Dentro do governo, a avaliação é a de que a população de Brasília “está vivendo em uma ilha desprotegida” e com o temor de que o aumento da violência nas cidades do Entorno chegue ao Plano Piloto, o que pode acontecer em cinco anos.

Dentro do plano, os governos pretendem reaparelhar as polícias, principalmente com equipamentos de comunicação conjunta, além de medidas de prevenção, como a realização de campanhas educativas. A meta é envolver os municípios do Entorno, o Ministério Público e o Poder Judiciário, que deverão agir na questão prisional, em função dos últimos motins ocorridos em presídios da região.

Atuação

Em abril deste ano, a Força Nacional de Segurança chegou ao Entorno para, em parceria com a Polícia Militar, fazer operações de combate ao crime. O trabalho é realizado nas 19 cidades da região, mas as ações estão voltadas especialmente para as regiões consideradas mais críticas — Águas Lindas, Cidade Ocidental, Luziânia, Valparaíso e Novo Gama.
 
 
Edson Luiz


Fonte: Correio Braziliense

Nenhum comentário:

Postar um comentário