sexta-feira, 19 de junho de 2009

Criminalidade faz Prefeito Pedir Socorro

Artigo — 25 de janeiro de 2009

Assim não dá: Confúcio Moura quer reduzir índices de criminalidade


Pois é. Assim não dá. Confesso que estou preocupado. Muita violência na cidade. Alguma coisa há no submundo na cidade. A gente não sabe a causa. Ela existe. Teria que existir por aqui um antropólogo. Ou sociólogo com mestrado e doutorado. Para aprofundar estudo sobre a cidade e suas mazelas.

Não basta a praça. Nem o pavimento na rua. Não basta brigar na saúde. E nem querer a utopia, que é infinitamente possível, enfim, é possível – a de melhorar a qualidade da educação. Nem a difícil tarefa de gerar emprego na agricultura familiar. Vai lá, vem cá, mas, é possível. Basta lançar a semente, e aguar e aguar. Aguar e aguar. Mais ainda. Aguar e aguar. Para se criar aqui e ali, algum sucesso, um ponto de referencia.

É a violência que assim não dá. A violência. A morte diária e cruel. É morte sobre morte que diariamente acontece na luz do dia ou na calada da noite. Ela acontece, geralmente em cima de uma motocicleta, com capacete, um revólver, e buuuum. O cara cai. E morre. E fica tudo assim tão calmo. Junta gente. Como junta gente na morte. Como junta gente na dor. O povo é curioso. Gosta de ver a cara do defunto. Quem é? Quem é? E todo mundo curioso. Coitado! Quem é o fulano? E todo dia se repete. Foram mais de 50 mortes ano passado. Mais de sessenta furtos em vinte dias em janeiro deste ano. Ontem foram quatro assaltos. Ariquemes está virando um esquadrão de fuzilamento. E a coisa continua.

Eu fico pensando, como prefeito, o que é que posso fazer? Como posso economizar vidas? Sei lá, não tenho a fórmula. Pela educação. Pode ser, mas, demora para cachorro. Vão anos e anos. Para se prevenir. E agora? Agora, no curto prazo? Será que a cidade, sozinha, tem forças suficientes para controlar o surto de violência. Muito pior que o surto epidêmico da dengue. Da malária. Da AIDS. Nem falo as mortes nos acidentes de trânsito. Vou esperar mais um pouco. Conversar com o Conselho de Segurança Municipal. Se nada mudar. Vou botar a boca no trombone. Não vou falar o que vou fazer. Mas, confesso que vou.

Aqui é o município. Aqui que a gente chora e mora. É aqui que se vê de perto o acontecido. E eu não gosto. E eu não quero. Nem vou ficar calado. Podes crer mermão! Podes crer mermã. Cada um dá um palpite. Palpite de desespero. Palpite aflito. Temos que bulir em nós mesmos. Usar a guerra de guerrilha. Trabalhar contra o crime organizado. Deve ser o crime organizado. Esta matança em série. Maioria meninos, até de treze anos, fuzilados. Capacete na cabeça, revólver na mão, não tem esta de faca, nem de paulada, é no tiro. Na hora. Sem piedade.

Cinqüenta e duas mortes em 2008 para 83 000 habitantes é muito. É estatística alarmante. Alguma coisa deve ser feita. Primeiro juntar as forças daqui. Se não der volta pedir reforço. Juntar gente da inteligência, para investigar os “cabeças”, matar ou prender “os cabeças”, nem podia falar em matar “os cabeças”, mas simplesmente prendê-los. Sei lá se vale a pena prender os “cabeças”. Acabar com eles sei que não se acaba. Pode diminuir.

É o ciclo vicioso. Conhecido. O drogado furta e rouba. Vende o produto do roubo por migalhas. Compra droga. Furta, rouba e mata. Vende de novo. Usa mais drogas. E assim continua. Quando não paga a conta – morre. A lei do tráfico é esta. Não pagou – morreu. Não tem atenuantes. Nem advogado de defesa. Nem júri. Nada. A pena é de morte. Foram 52 execuções em 2008. Um exagero.

Tem solução? Só tem que ser breve. Senão esta turma toma conta do pedaço. E Ariquemes vai pro beleléu. Com praça e tudo. Com asfalto e tudo. Com Burareiro e tudo. Com teatro e tudo. Com Natal luminoso e tudo. Brasília reduziu a criminalidade com policiamento forte. Com políticas públicas efetivas para o jovem. O esporte para todos. A escola aberta para a comunidade. E a geração de empregos.
Na Colômbia, Bogotá e Medellín são exemplos de superação. Governo jogou duro. Investiu na periferia. Deu condições do homem se sentir cidadão. Transporte público de boa qualidade. Educação forte e boa. Punição para qualquer crime. Combate duro a guerrilha e ao narcotráfico. Melhorou. Pode ir lá e ver. Tudo está diferente.

O Brasil tem que sair desta indolência. Desta preguiça crônica. Esta indiferença lascada e passar a agir duro. Se não tem cadeia – mete “chip” no preso, caneleira eletrônica pune, ele vai num roteiro certo, definido. O satélite vigiando. De casa para o trabalho. Se sair o “o chip” apita, a policia liga, vai atrás, mete no regime fechado, na solitária, até o cara criar vergonha ou ficar doido de vez.

Então gente, veja o meu desespero. É grande. Vou dar três meses de prazo para baixar a mortalidade com nossas próprias forças. Se não baixar, vocês vão ver, vou botar pra quebrar. Eu sei como. Podes crer.


Ariquemes, 25 de janeiro de 2009
Confúcio Moura

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