domingo, 23 de agosto de 2009

Crise Continental

Crescimento da violência mostra desafios e dramas comuns a metrópoles da América Latina


RIO - O crescimento de grupos criminosos dedicados ao assalto, à venda de drogas, ao furto de automóveis e ao assassinato, entre outros delitos, transformou as ruas das principais cidades da América Latina em espaços cercados pelo medo. Reportagem produzida em conjunto por 11 jornais do Grupo de Diários América (GDA) e publicada na edição deste domingo do jornal O GLOBO traz um perfil do que está acontecendo nessas cidades e das alternativas propostas para combater a criminalidade.

Com a mesma velocidade com a qual as cidades latino-americanas cresceram nos últimos 50 anos, cresceram também o crime e a violência nelas. O homicídio, o roubo de automóveis, o assalto à mão armada, a venda de drogas ou o chamado sequestro relâmpago lideram as listas dos males que hoje atacam, em maior ou menor escala, as principais cidades de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Porto Rico, Uruguai, Peru e Venezuela.

Os governos parecem não dar conta do combate aos grupos criminosos que cada vez se mostram mais organizados, bem armados e violentos - fruto, em muitos casos, do enorme poder corruptor que detêm e das rachaduras que provocam no aparato judicial a impunidade e a falta de justiça.

Caracas, uma capital à beira do precipício

Caracas retrata hoje o grau de intensidade e crueldade ao qual está chegando o crime urbano na América Latina: 130 homicídios para cada 100 mil habitantes; um aumento de 50% dos sequestros em relação ao primeiro semestre do ano passado; 60 roubos diariamente no transporte público e o assassinato de duas pessoas a cada semana para roubar suas motocicletas convertem a capital venezuelana numa das cidades mais perigosas do mundo.

Em outras cidades, como San Juan de Porto Rico, é o tráfico de drogas que mantém em alta o número de homicídios: 20,4 para cada cem mil habitantes. Diferentemente do que podem reclamar outras capitais da região, não é a falta de policiais que justifica os crimes. Na cidade existe um policial para cada 233 habitantes (a ONU recomenda um para cada 250 pessoas), índice muito superior ao de Bogotá, onde a média é de um agente para cada 470 pessoas.

A estreita relação entre o narcotráfico e a violência em San Juan se explica pelo fato de passarem pela ilha, a cada ano, entre cinco e sete toneladas de cocaína, o que desencadeia toda uma estrutura criminosa que vai do controle do negócio até o consumidor que rouba para manter o vício.

No México, assim como na Colômbia, os grupos de traficantes e organizações criminosas se apoderaram de negócios legais e ilegais, como a pirataria, a extorsão, a prostituição, as apostas, os jogos de azar, o tráfico de imigrantes ilegais e até a segurança nos bairros. O mesmo acontece no Rio de Janeiro, onde as milícias, lideradas por policiais corruptos, controlam extensas áreas da cidade. Também se apoderaram de serviços públicos como transporte e TV a cabo, o que lhes gera US$ 180 milhões por ano, o suficiente para corromper as autoridades ou financiar campanhas políticas.



* Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do "La Nación" (Argentina), O GLOBO, "El Mercurio" (Chile), "El Tiempo" (Colômbia), "La Nación" (Costa Rica), "El Comercio" (Equador), "El Universal" (México), "El Comercio" (Peru), "El Nuevo Día" (Porto Rico), "El País" (Uruguai) e "El Nacional" (Venezuela), integrantes do Grupo de Diários América (GDA).

Publicada em 22/08/2009 às 20h16m O Globo

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