segunda-feira, 12 de abril de 2010

Assassino confesso de GO cita quadrilha de pornografia

'Não consigo parar de matar, preciso de ajuda para parar com essas coisas', afirmou hoje, em entrevista à imprensa na Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Goiás, em Goiânia, o preso Admar de Jesus, assassino confesso de seis jovens de 13 a 19 anos na cidade de Luziânia.

Na entrevista, ele disse que mantinha um 'contrato' com uma quadrilha de traficantes que atua em rede de pornografia na internet, descreveu a extrema violência com que matou os jovens e pediu perdão às mães pelos crimes.

'Recebo uma voz do além, que me manda fazer essas coisas, acho que é o capeta', disse. 'Eu peço perdão às mães. Não fiz por querer mal, foi por dinheiro.' Ele contou que matou os seis jovens a pauladas e golpes de enxadão e de martelo de pedreiro, quatro deles pelas costas, de surpresa. Dois deles, atacados pela frente, reagiram, mas 'não tiveram chance', porque ele, armado, os dominou.

Ao pedir perdão às mães, ele admitiu que terá que 'pagar pelos crimes', mas tentou se justificar alegando que foi 'forçado' a cometer os assassinatos: 'Me atiçaram, me atentaram.' Admar de Jesus disse que vinha sendo chantageado por uma quadrilha de traficantes que lida com pornografia na internet.

O assassino confesso afirmou que um dos jovens mortos, ao qual identificou apenas como 'Zé', seria intermediário dessa quadrilha. Acrescentou que, por intermédio desse jovem, a quadrilha o havia contratado por R$ 5 mil para prestar aos traficantes 'serviços' como cobrar dívidas, matar alguns devedores do tráfico e produzir pornografia infantil.

Na entrevista, Admar contou que manteve relações sexuais com dois dos seis adolescentes antes de matá-los, e que 'Zé' lhe dissera que as imagens pornográficas seriam entregues a um pastor evangélico. Afirmou que todos os seis jovens teriam envolvimento com drogas e que os convencia a entrar na mata convidando-os a fumar maconha.

Problemas psicológicos

Ele contou ainda que frequentava uma igreja evangélica em Luziânia e que, imediatamente antes de dois dos crimes, participou de cultos no local. Ao sair, acrescentou, continuava 'ouvindo vozes' que o 'atiçavam' a matar. Relatou ainda que havia recebido encomenda de mais dois assassinatos de garotos. Um deles foi apreendido pela Polícia Federal (PF) que, por meio dessa identificação, levantou informações que ajudaram a Polícia Civil a chegar a Admar.

O assassino confesso disse ainda que, quando era mais novo, foi vítima de abuso sexual e que o pior episódio se deu quando foi assaltado. Nessa ocasião, os ladrões lhe roubaram tudo, o estupraram e lhe cortaram a língua (ele fala com dificuldade). Afirmou que isso o deixou revoltado e com problemas psicológicos. 'Não consigo parar de matar, preciso de ajuda para parar com essas coisas.'

Admar disse que no sábado, na prisão em Goiânia, tentou se enforcar com uma blusa, mas ela se rasgou. A uma pergunta se teme ser morto na prisão, respondeu: 'Tenho medo sim, já fui ameaçado e tenho medo de ser morto.'


CPI da Pedofilia

O assassino confesso prestou mais um depoimento hoje à tarde. Desta vez para os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e Magno Malta (PR-ES), presidente da CPI da Pedofilia.

No depoimento, Admar, também pedófilo confesso, fez novas revelações, a principal delas foi a de que teve relações sexuais com os seis garotos antes de assassiná-los e não apenas com dois, como havia revelado na entrevista concedida pela manhã. A principal prova disso é que todos os corpos foram enterrados nus e apresentavam sinais de violação. Interrogado sobre isso, ele acabou confessando.

Na saída do interrogatório, que foi realizado na Secretaria de Segurança, em Goiânia, na presença dos delegados que comandam o inquérito, o senador Demóstenes Torres informou que vai trabalhar, no Congresso, para a aprovação de algumas medidas para agravar as penas de quem comete crimes hediondos e impedir que saiam da cadeia bandidos com histórico de pedofilia e de abusos sexuais.

Um dos projetos, já em tramitação no Congresso, torna obrigatório o laudo criminológico (hoje facultativo), no qual está incluída avaliação psiquiátrica, com base no qual o juiz pode soltar um preso psicopata. Outro projeto que também tramita no Legislativo prevê que a progressão da pena para quem comete crimes hediondos só ocorra após cumpridos dois terços da pena.

Demóstenes reclamou que a medida ainda não entrou em vigor porque o governo foi contra sua aprovação, num primeiro momento, porque, segundo ele, tem uma política voltada para soltar presos em vez de investir na construção de presídios. O terceiro projeto destina-se a implantar o monitoramento eletrônico de detentos que mudam regime de pena. O monitoramento se daria por meio de pulseiras e tornozeleiras eletrônicas.

Demóstenes e Magno Malta informaram que vão convocar para depor no Congresso tanto o juiz que soltou Admar quanto o psiquiatra que emitiu o laudo que atestava que o criminoso sofria de grave doença psiquiátrica, era perigoso e estava inabilitado para voltar ao convívio social sem o tratamento adequado.

Vannildo Mendes

Agencia Estado

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