sábado, 10 de abril de 2010

Máfia

Atentado a bomba contra bicheiro Rogério Andrade na Barra provoca devassa na PM do Rio



RIO - A participação de cinco policiais militares na escolta do contraventor Rogério Andrade, de 47 anos, vai levar a Corregedoria Interna da corporação a deflagrar nos próximos dias uma ação para prender outros PMs envolvidos na segurança do bicheiro e de seu esquema de exploração de bingos e caça-níqueis, na Zona Oeste do Rio. Para o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, "quem trabalha para criminoso, criminoso é". Alvo de um atentado a bomba que resultou na morte do filho, Diogo, de 17 anos, quinta-feira, na Barra da Tijuca, Rogério quer proteção do estado.

Nesta sexta-feira, a Polícia Civil solicitou por meio do Consulado dos EUA ajuda da Agência Americana para Álcool, Tabaco, Armas e Explosivos (ATF, na sigla em inglês) para tentar identificar o tipo e a origem da substância usada no artefato detonado no Corolla blindado usado pelo contraventor.

A perícia preliminar já descartou a hipótese de a explosão ter sido causada pela deflagração de uma granada. Policiais envolvidos na investigação acreditam que a bomba tenha sido feita com explosivo plástico, supostamente C4, ou mesmo TNT, instalada sob o assoalho do lado do motorista e detonada por um timer ou por meio de um telefone celular:

- Certo, por enquanto, é que a bomba foi feita por um especialista, provavelmente com experiência militar - disse um dos policiais da Divisão de Homicídios (DH).

Policiais da unidade confirmaram que o Corolla de Rogério havia sido levado para revisão na semana passada, ficou três dias numa oficina até ser devolvido, dois dias antes da explosão. A versão foi confirmada ao GLOBO pelo advogado Luiz Carlos Silva Neto. Segundo ele, Rogério sempre dirigia o veículo. O que não aconteceu anteontem, quando o filho, que não possuía habilitação, estava ao volante e teve o corpo dilacerado na explosão.

A investigação confirmou que um dos PMs ligados à segurança do contraventor teria saído do serviço no momento em que Rogério estava na academia de ginástica. O sargento, que serve no 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), foi substituído por um cabo. Momentos depois, aconteceu a explosão. Ouvido como testemunha, o sargento deve ter a prisão disciplinar determinada nas próximas horas.

Até a noite desta sexta-feira, cinco PMs - dois cabos e três soldados lotados nos batalhões BP-Choque, 3 (Méier), 17 (Ilha do Governador), 23 (Leblon) e Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV) - envolvidos na segurança do bicheiros permaneciam presos.

Envolvido numa disputa pelo controle da máfia de bingos e caça-níqueis na Zona Oeste, Rogério Andrade mantinha como única rotina diária as idas à academia de ginástica localizada próxima de casa, no Recreio dos Bandeirantes. De acordo com investigadores, ele costumava andar sozinho no Corolla, que tinha blindagem nível 4, capaz de conter tiros de fuzis. Os seguranças, todos PMs, seguiam o contraventor em dois veículos Vectra. Submetido a uma cirurgia no Hospital Barra D'Or, ele recebeu alta ontem à tarde, retornando à casa, escoltado por policiais civis.


Sérgio Ramalho

Fonte: O Globo

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