quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Operação desarticula quadrilha que explora máquinas caça-níqueis

PF cumpre 82 mandatos judiciais no Estado a policiais militares, civis, rodoviários e a um servidor da Justiça estadual goiana



Foi deflagrada no início da manhã desta quarta-feira, 29, a Operação Monte Carlo, cujo objetivo é desarticular a organização que explora, há cerca de 17 anos, máquinas caça-níqueis em Goiás. Trata-se de uma ação em conjunto entre a Polícia Federal e o MPF-GO (Ministério Público Federal em Goiás), com apoio do Escritório de Inteligência da Receita Federal.

Ao todo, estão sendo cumpridos 82 mandatos judiciais, dos quais 37 são de busca e apreensão, 35 de prisão e dez ordens de condução coerciva em cinco estados, entre eles Goiás, Distrito Federal (DF) e Rio de Janeiro (RJ). São alvos da operação, além de pessoas relacionadas a exploração do jogo, servidores públicos, como policiais militares e civis. Até o momento, foram cumpridos 27 prisões temporárias, 10 ordens de condução coercitiva e buscas e apreensões.

Deste total, estão inclusos o empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira - considerado um dos maiores operadores de bingo de Goiás; seis delegados da Polícia Civil de Goiás; dois delegados da PF de Goiânia; um capitão; um major; dois sargentos; três tenentes-coronéis; 18 soldados da PM goiana e quatro cabos. Também estão entre os servidores públicos envolvidos no esquema um policial rodoviário e um servidor da Justiça do Estado de Goiás. Eles recebiam propinas mensal e semanal para trabalharem para a organização criminosa. As identidades dos envolvidos ainda não foram divulgadas.

Segundo as investigações, iniciadas há 15 meses, existe uma forma de franquia para este tipo de crime, em que o chefe da quadrilha concedia licenças de exploração dos pontos para proprietários de galpões clandestinos sediados em Goiânia e Valparaíso de Goiás. Nesse contexto, policiais civis e militares realizavam o serviço de fechar locais que não possuíssem a autorização do chefe da quadrilha. Na capital, o comando era liderado por Carlinhos Cachoeira, que devido ao seu forte poderio econômico, determinava a abertura e o fechamento de pontos em Goiânia. Carlinhos ficou conhecido nacionalmente após ter divulgado um vídeo sobre o escândalo Waldomiro Diniz, em que José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, é flagrado praticando extorsão.


Operação Monte Carlo

Conforme o delegado da PF Matheus Rodrigues, que coordenou a operação, os envolvidos nunca tiveram se quer uma ação contra eles, por contarem com a conivência de policiais militares, civis, rodoviários e federais. "Os policiais eram pagos para que os criminosos pudessem fazer a exploração sem intervenção”, disse. Rodrigues ressaltou que em 2006  foi realizada uma tentativa de desarticulação da quadrilha, porém a informação vazou.

De acordo com o delegado, há registros de propina de R$ 200 por dia paga a soldados, que também recebiam uma quantia para abastecerem as viaturas para fazerem a ronda. Já delegados da PC recebiam cerca de R$ 4 mil mensal.

Presos e indiciados responderão, na medida do envolvimento confirmado de cada um, por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo profissional, evasão de divisas e contravenção penal de exploração de jogo de azar.

A escolha da denominação Monte Carlo para esta operação diz respeito a 11 bairros do principado de Mônaco, devido ao grande número de cassinos da região.


Ketllyn Fernandes

Fonte: Jornal Opção

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