segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Falta Polícia no Haiti

ONU pede reforços para enfrentar violência nas ruas e gangues que retomaram favela após terremoto no Haiti



CITÉ SOLEIL, HAITI - Preocupados com o aumento da violência no Haiti e com o retorno das gangues à maior favela de Porto Príncipe, representantes da Missão de Paz da ONU começam a pedir reforços. Fortemente armadas, bandidos que já controlaram Cité Soleil como senhores da guerra, voltaram ao local depois que o terremoto de terça-feira danificou a Penitenciária Nacional, permitindo que 3.000 detentos fugissem.

O general Floriano Peixoto Vieira Neto, comandante das tropas de paz da ONU no Haiti, afirmou que situação de segurança em Porto Príncipe não fugiu ao controle, mas admitiu que as autoridades haitianas e as Nações Unidas não podem deixar que o reagrupamento de gangues ou mesmo a insatisfação da população haitiana com a ajuda oficial se transformem em novos focos de violência na capital. Ele disse que determinou a intensificação nas ações policiais e de segurança das forças militares dos 17 países sob seu comando na capital e pediu o reforço de 200 soldados das tropas argentinas e uruguaias que atuavam em outras cidades no interior do Haiti para garantir a segurança na capital.

- Não há descontrole sobre a segurança no Haiti, mas é natural que, diante de uma catástrofe destas proporções, o nível de tensão aumente. Todos os dias me reúno com os chefes militares de todos os países, meu Estado-Maior, fazemos diagnósticos da situação e traçamos estratégias para todas as áreas - disse o general.

O presidente do Haiti, René Préval, disse que os 3,5 mil militares americanos que estão começando a chegar à cidade ajudarão as tropas de paz da ONU e a polícia local a garantir a segurança.

- Temos 2 mil policiais em Porto Príncipe seriamente afetados e 3 mil detentos fugidos da cadeia - resumiu o presidente. - Isso dá uma ideia de quão mal está a situação

O repórter do GLOBO Gilberto Scofield Jr. esteve durante mais de uma hora dentro da favela no domingo, e Dorsaisvil Ferdnand, presidente da Organização Popular para a Mudança de Drouillas (um dos maiores sub-bairros de Cité Soleil), só concordou em conversar com o jornal dentro da sede da organização, com medo que uma das pessoas que frequentemente se aglomeram em volta de equipes de reportagem fosse um bandido anônimo.

- Estamos desesperados porque a pacificação está ameaçada pelos bandidos que estão refugiados aqui em casas de parentes e amigos. Eles estão tentando assustar a população arrombando casas à noite, batendo nas pessoas e roubando suas coisas. Voltamos a viver com medo e precisamos urgentemente que a Polícia da ONU ou do Haiti venha para cá antes que seja tarde demais - disse Ferdnand. - A favela sempre foi um reduto das gangues criminosas que historicamente assustaram Porto Príncipe. Isso não pode voltar a acontecer.

A pacificação de Cité Soleil foi uma das poucas vitórias do presidente René Préval desde que assumiu o cargo em 2006, até que o tremor devastasse Porto Príncipe.

- É natural que eles voltem para cá. Esse sempre foi o bastião deles - disse um policial haitiano na favela, que abriga mais de 300 mil pessoas.


Fonte: O Globo

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