domingo, 31 de janeiro de 2010

Goiânia tem apenas 1 policial militar para cada 978 habitantes

Pouca abrangência do policiamento pode ser uma das causas do crescimento da violência



Um grupo composto por 1.310 policiais militares é destacado diariamente para executar ações de prevenção e combate à ocorrência de crimes em toda a extensão de Goiânia, onde vivem mais de 1,2 milhão de pessoas. Na prática, cada militar responsabiliza-se por garantir a segurança de 978 moradores da capital. A pouca abrangência do policiamento ostensivo, a sobrecarga vivida por centenas de policiais e o crescimento vertiginoso de crimes como roubo, tráfico de drogas e assassinatos são os resultados mais visíveis da falta de investimentos dos governos na Polícia Militar (PM) ao longo das últimas décadas.

A PM goiana conta hoje com um efetivo de aproximadamente 13 mil servidores. O contingente é apenas 18% a mais que o que existia em meados da década de 1980, quando havia 11 mil militares. Enquanto isso, a população do Estado, em geral, e de Goiânia, em particular, cresceu em média 80%. Em meados da década de 80, Goiás tinha pouco mais de 3,2 milhões de habitantes. Hoje, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem uma população estimada em mais de 5,7 milhões de pessoas. Goiânia transformou-se em metrópole nessas três décadas e passou dos 717,5 mil habitantes para mais de mais de 1,2 milhão de moradores.

A deficiência no efetivo direcionado à ação operacional tem mais visibilidade na capital devido à aglomeração de pessoas, ao avanço dos bairros periféricos e à incidência de crimes. A cidade dispõe de cerca de 3 mil militares, de soldado a coronel, distribuídos em 19 unidades. Levando-se em consideração parte da tropa que exerce função administrativa e que está afastada por licença médica ou por férias, sobram 2.580 pessoas para o trabalho ostensivo. Dividido em escalas, o efetivo de Goiânia é reduzido para 860 militares. Ele é acrescido diariamente com cerca de 450 policiais que trabalham nas folgas e que recebem horas extras.

Os motivos que levaram os governos estaduais a não investirem ao longo dos últimos 30 anos no quadro de servidores da Polícia Militar são desconhecidos pelas pessoas que hoje estão à frente da instituição. Apesar de não ter resposta para esta questão, o comandante-geral da PM, coronel Carlos Antônio Elias, assegura que a quantidade de militares direcionados para o trabalho nas ruas ainda é suficiente para coibir os crimes. Ele informa que houve uma alteração significativa na forma de execução das ações da PM.

Hoje, conforme Carlos Elias, os componentes da corporação atuam quase que exclusivamente no planejamento e na operacionalização do combate ao crime. Antes, havia uma série de distorções, entre elas o deslocamento de grupos de militares para atividades que fogem à função policial, como supervisão de festas e vigilância de prédios.

Na tentativa de amenizar a pouca quantidade de militares no Estado, o governador Alcides Rodrigues anunciou concurso público para contratação ainda este ano de mais mil soldados e 45 oficiais. Para Carlos Antônio Elias, o ingresso destes novos servidores vai melhorar o policiamento, considerado satisfatório por ele, tanto na capital quanto no interior.

O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM, Gilberto Cândido de Lima, avalia que a incursão de apenas mil servidores dará resultados pouco efetivos à corporação. No entendimento dele, a PM goiana necessita de mais 5 mil servidores. O líder classista assinala que em 2012 cerca de 1,5 mil militares vão para a reserva o que, em tese, invalida os resultados positivos do concurso em um curto intervalo de tempo. As 5 mil novas vagas, sugere Gilberto Cândido, podem ser acrescidas de forma gradativa, com a contratação de mil pessoas por ano.

Maria José Silva


Fonte: Jornal O Popular

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