quarta-feira, 9 de março de 2011

Mesmo com reforço de policiais, área central continua tomada pelo crack

Distrito Federal
Durante a forte chuva que castigou a capital na segunda-feira, dois garotos usavam a droga em meio ao lixo (Leonardo Arruda/Esp. CB/D.A Press )
Durante a forte chuva que castigou a capital na segunda-feira, dois garotos usavam a droga em meio ao lixo


Nem o forte esquema de segurança montado pela Polícia Militar para o carnaval no Complexo Cultural da República foi capaz de intimidar os usuários e pequenos traficantes de crack que fazem da Rodoviária do Plano Piloto e das áreas próximas seu ponto de encontro. Na noite de segunda-feira e ao longo de todo o dia de ontem, o Correio flagrou pessoas consumindo e comercializando a droga sem se preocuparem com a movimentação da polícia. Na segunda-feira, enquanto foliões se divertiam no Gran Folia — área que abrigou blocos e atrações musicais ao longo do feriado —, a poucos metros, grupos faziam uso do entorpecente. Ontem, famílias que chegavam para aproveitar o último dia de festa na Torre de TV ou no Parque da Cidade passavam ao lado de pessoas fumando e vendendo crack.

De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública, para garantir a segurança da população neste carnaval, o efetivo de homens das polícias Civil e Militar, Bombeiros e agentes do Departamento de Trânsito (Detran) foi elevado de 3 mil para 5 mil. O Gran Folia estava guarnecido com 418 PMs na noite em que a reportagem fez os flagrantes, segundo informações da coronel Cynthiane, coordenadora de operações do local. Durante o dia, cerca de 200 foram destacados para cuidar da área, segundo o coronel Alberto Pinto, chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do DF. Um contingente bastante elevado com relação a dias normais, quando 50 a 120 policiais ficam responsáveis pelas imediações. O número varia de acordo com os horários de maior e menor movimento de pessoas.

Na noite de segunda-feira, a forte chuva que castigou Brasília não foi capaz de atrapalhar os usuários de crack. Às 22h07, quando a água caía torrencialmente, dois homens dividiam a droga no acesso que liga a Rodoviária à estação do metrô. Para que a chama do cachimbo não se apagasse, eles se abrigaram em um vão da estrutura. Ambos ficaram no local por cinco minutos, e fugiram depois que viram a equipe de reportagem.

Um pouco mais cedo, por volta das 21h, quem caminhava pela plataforma superior do terminal e passava pela calçada que liga o Conjunto Nacional ao Conic podia ver um grupo de sete pessoas que acendia um cachimbo no gramado logo abaixo, entre a estação do metrô e o canteiro que leva à Torre de TV. Dois deles aparentavam ser menores de idade. O grupo permaneceu no local por 10 minutos. Assim que começou a chover, todos se dispersaram.

Na manhã de ontem, o Correio voltou ao local e constatou novamente o consumo da droga. Usuários e vendedores escolheram dois lugares para se reunir. Um à sombra das árvores, no gramado do Teatro Nacional, e outro no mesmo canteiro em que se encontraram na noite anterior. À tarde, o movimento nesses pontos continuava intenso, mesmo com viaturas da PM estacionadas em áreas bem próximas. De vez em quando, uma delas fazia ronda na região e os consumidores se escondiam.

No gramado do Teatro Nacional, por volta das 15h30, chamou a atenção o momento em que um de dois usuários de crack que dividiam um cachimbo abordou um casal que passava com um carrinho de bebê. O homem pareceu se assustar e gesticulou para que a companheira seguisse em frente com a criança. Ele trocou palavras rápidas com o jovem, que estendeu as mãos como se pedisse algo, e se afastou.

Já no gramado diante do metrô, aconteciam tanto o consumo quanto a comercialização do entorpecente. Por volta das 12h, cinco pessoas reuniram-se ali, entre elas uma garota que aparentava ser menor de idade. Dinheiro circulava, e um garoto de blusa vermelha parecia comandar o comércio. O grupo foi crescendo até totalizar 10 pessoas. A agitação só teve fim quando uma viatura da PM passou nas proximidades do local e, depois, permaneceu estacionada no centro do canteiro de grama.


Fonte: Correio Braziliense

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