segunda-feira, 28 de março de 2011

Policiamento Comunitário é um embuste

Não resolve nada e aumenta a criminalidade.



Este tema é delicado e proibido no meio policial, ninguém tem coragem de atacar o ninho da galinha, lugar privilegiado onde ela bota os ovos de ouro, ou seja, o Governo Federal só libera dinheiro para a segurança pública estadual se esta palavra estiver escrita em todos os projetos: Polícia Comunitária.

Sem polícia comunitária, sem dinheiro da União, sem projetos. É assim desde o Governo Fernando Henrique Cardoso, passou por Lula e permanece no de Dilma. Faltou e falta a esses governos cabeças pensantes na área de segurança pública.

Os fiéis da Polícia Comunitária a defendem com unhas, dentes e dinheiro, as outras opiniões simplesmente não são ouvidas. Dizem que a mesma existe há mais de 100 anos no Japão, é um sucesso na Europa e foi divulgada para todo o mundo através da maior potência econômica do planeta, os Estados Unidos.

Favor não chamá-la de policiamento comunitário, dizem que a mesma não é uma modalidade de policiamento, é a melhor entre as melhores.

Como provar que algo tão bom é uma mentira? Dados estatísticos! Nos locais onde foi implementada a Polícia Comunitária  a criminalidade aumentou de forma assustadora.

Mas os defensores dessa filosofia, é assim que eles a definem, salientam que na obra dos seus expoentes (Robert C. Trajanowicz and Bonnie Bucqueroux. Community Policing: A Contemporary Perspective) está previsto um crescimento inicial das taxas criminais nos locais de sua implantação, fator este decorrente da confiança entre a população protegida e o seus protetores (guardiões), dessa forma a primeira irá relatar crimes que antes não seriam do conhecimento da segunda.

Os divulgadores da filosofia  polícia comunitária dizem que somente após 10 anos de implantação é possível verificar as taxas reais de criminalidade na região, antes estes números serão alarmantes e não vão demonstrar a verdade, além das vantagens da proximidade entre o poder público (polícia) com a sociedade (vítimas).

Existe uma máxima em administração: o que não pode ser medido não pode ser melhorado. Como medir algo que não existe (os crimes não denunciados) é impossível, essa filosofia continua usufruindo das verbas públicas mundo afora.

Uma das cidade mais violentas do planeta nas décadas de 70 e 80 do século passado, Nova York - EUA, abraçou o policiamento comunitário como solução para os seus problemas. Em 1971 a cidade tentou reduzir suas altas taxas de homicídios com a filosofia do futuro: polícia comunitária.

Partindo de um princípio básico dessa filosofia, foram reduzidos os efetivos policiais das regiões centrais e áreas nobres, transferindo este montante para as regiões periféricas, era lá que ocorriam a maioria dos homicídios.

Era verdade, mas algo deu errado.

As autoridades da filosofia "esqueceram" de avisar a população que os crimes contra o patrimônio ocorrem justamente nas regiões centrais e nobres das grandes cidades, fazendo com que as taxas desses crimes disparassem.

E quanto ao aumento do policiamento nas regiões periféricas, foram reduzidas as taxas de homicídios?

Não!

Durante 20 anos eles insistiram nesta filosofia e suas taxas criminais cresceram mais que em qualquer cidade americana. No ano de 1991 eles desconfiaram que haviam comprado um gato no lugar de uma lebre e, a partir daquele ano, o policiamento comunitário começou a ser reduzido e implantaram um novo projeto, denominado janelas quebradas.

O Projeto Janelas Quebradas visava ocupar locais abandonados (públicos e privados) antes do marginal, evitando a prática de crimes nesses logradoros. Isto significava retirar policiais das regiões periféricas e trazê-los de volta para as regiões centrais e nobres.

Foi a primeira reação contra a filosofia "polícia comunitária".

Mesmo ocupando prédios e praças públicas as taxas criminais não paravam de crescer, principalmente devido os estragos naquela sociedade causados pela loucura do crack.

Assim, três anos após a implantação do projeto janelas quebradas ele foi abandonado e em seu lugar surgiu o projeto tolerância zero.

Tolerância Zero significava a polícia em todos os locais, combatendo todos os tipos de ações criminosas, abordando todas as pessoas, revistando todos os locais e prendendo todos que insistiam em cometer crimes ou contravenções. Superlotou as prisões com traficante, ladrões, pixadores e andarilhos. 

Tolerância zero foi um sucesso.

A partir de 1994 a seção responsável pelo projeto policiamento comunitário era o local para onde os policiais violentos, corruptos e incompetentes eram transferidos, como forma de punição.

Foi a segunda reação contra a filosofia "polícia comunitária".

Mas a filosofia precisava de dinheiro e de novos clientes, saíram então divulgando suas vantagens em outras Cidades, Estados e Países. Foi assim que ela aportou no Brasil em 1994, no Governo Fernando Henrique Cardoso, como a solução de todos os problemas na área de segurança.

Em 2002 concluí o Curso de Policiamento Comunitário, na cidade de Cuiabá - MT, estava portanto preparado para defender a filosofia.

Em 2003, no Curso de Especialização em Gestão de Segurança Pública da Polícia Militar do Estado de Goiás, estudei as taxas criminais nas cidades onde havia sido implementada essa filosofia.

No referido estudo científico comparamos as taxas criminais de cidades americanas e brasileiras onde havia sido implantada a filosofia, com outras cidades de igual porte e mesma região daquelas.  Verificando se existiam diferenças entre a criminalidade dos locais com policiamento comunitário e as que não haviam implantado esta filosofia, queríamos comprovar que a filosofia "polícia comunitária" era a solução para o Estado de Goiás.

Para que não ocorressem erros estudamos os dados apenas das cidades que haviam implantado a filosofia de polícia comunitária há mais de 10 anos.

Ao final do trabalho, para nossa decepção, constatamos que cidades na mesma região, com populações homogêneas, apresentavam distorções alarmantes no quesito taxas criminais, sendo muito mais violentas as cidades onde a filosofia de Polícia Comunitária estava implantada.

Ao final do curso apresentei em Monografia estudos que comprovavam o que o título desse artigo informa. Ninguém leu, ninguém fez nada a respeito e a banca não gostou do meu trabalho.

Concluindo: policiamento comunitário é um embuste, mas dá dinheiro.

Espero a terceira reação contra o embuste da filosofia "polícia comunitária".


Tenente Coronel Giovanni Valente Bonfim Jr

8 comentários:

  1. Até que enfim alguém que pensa...Não aguento mais essa imposição de polícia comunitária! Pena que vai ser escurraçado por isso, mas é o preço da inteligência...
    Ass. Cap que não quer ser perseguido.

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  2. Concordo em parte com o Sr.TC Giovanni. No meu humilde entendimento, o que ocorre em Goiás é que a filosofia não tem sido divulgada da forma correta, porque polícia comunitária é simplismente uma interação entre órgãos de segurança pública e a sociedade, ou seja a polícia existe p. prevenir e reprimir as ações que através de ações da comunidade como: observar e denunciar situações de suspeição; de flagrantes, ou seja tudo aquilo que for de interesse da segurança. É a polícia com apoio da comunidade. Só que alguns multiplicadores não sabem difundir a filosofia. Acredito que a maioria dos PPMM não entendem esta filosofia, assim como também não entende a sociedade, exatamente por ser mal informada. Além da ignorância de muitos q. não sabem transmitir, ainda é pouco difundido. Boa parte dos que difundem confude a filosofia com ASSISTENCIALISMO.
    Outra situação. Mesmo que seja a filosofia bem difundida e com todo o seu louvor, não é suficiente para diminuir a criminalidade. Precisamos além das políticas sociais de qualificação profissional, emprego, distribuição de renda e acima de tudo EDUCAÇÃO de qualidade, aplicarmos novas técnicas de POLICIAMENTO, assim como o GEO processamento, análise criminal. A exemplo disto podemos buscar na PMESP, está está anos luz à frente da PMGO. Outra a PMESP já se manifestou em disponibilisar sua experiência e eu já difundi com o meu chefe em outra oportunidade, mas infelizmente não fui sequer ouvido, alias tenho difundido no corpo a corpo, mas até o momento não consegui convencer.
    Outra, gostaria de dizer ao colega cap que se manteve no anonimato que não se preocupe com manifestações de democracia. Não nos preocupemos com pensamentos contrários aos nossos, pois isto é exercício de DEMOCRACIA. A ditadura é coisa que deve permanecer no passado e não podemos temer a democracia.
    Ultimamente tenho sido alvo de tentativas de "cala boca", Estão tentando me indiciar porque tenho manifestado contra o império de atos de improbidade adm nas promoções de oficiais. Estão enganados ainda acredito na democracia responsável, ainda acredito na Justiça. Leis arcaicas antidemocráticas, administradores "ditadores" estão fadados a uma grande queda, assim como tem ocorrido no Oriente: Egito, Iêmem, Líbia, Irã. Onde nem sob ameaça de genocídio tem aquelas populações caldo e submetido ao jugo dos ditadores.
    SALVE A REPÚBLICA E SALVE A DEMOCRACIA.

    CAP 19025 BORBA

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  3. JA POSTEI ESSE TEXTO NO NCCOMBATECRIME... PARABENS TC GIOVANNI! CONCORDO QUE VIROU ENGODO!
    MAJOR CASTILHO

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  4. Concordo com o TC em gênero, número e grau. Aliás, o nosso país, assim como a PMGO, só sabe copiar as idéias dos outros. Para aqueles que estão na linha de frente no combate à criminalidade, a polícia comunitária não passa de um embuste travestido de uma falsa politica de segurança pública. Os irmãos de farda do serviço operacional são hostilizados pela população em geral. È a máxima de que o paisana folgado no seu canto e os PM's de verdade no seu. Estão acabando com a Gloriosa, pois aniquilaram com a ROTAM, com a sua farda preta histórica e políticos o que fizeram? e os nosssos Cmts.? Pediram bença cabisbaixos!!! Como é triste ter que aguentar a desgraça do paisana dando pitaco em assunto de polícia!!! Dizem que o meu pensamento é retogrado, arcaico por não misturar com essas desgraças de poícia comunitária!! daqui uns dias com o andar da carruagem, a polícia vai estar sendo vilipendiada por estes cretinos comunitários de merda!! Já que vivemos num país democratico Sr. Cap. Borba, porque que policiais que não são adeptos dessa filosofia de policiamento, são obrigados a fazer essa desgraça de curso!! Como seria bom ver um general corajoso aliar às forças das PM's do Brasil, e darmos um outro golpe de estado para reestabelecermos a ordem pública deste país!!! Deixo aqui na oportunidade um abraço ao Maj. Castilho, oficial que tem o respeito da tropa operacional!! um verdadeiro Cmt. Ass Anônimo!! não quero ser escomungado!!!

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  5. Democracia não está atrelada a condição de ser bonzinho ou malzinho, agradar ou desagradar. Dmocracia é também ajudar a governar com liberdade de expressão, contrariedades, concordâncias, respeito a lei e acima de tudo à Constituição e aos princípios. Discordar e contrariar faz parte. Devemos respeitar a discordância. Devemos também propor mudanças, apresentar soluções. Devemos ao discordar, procurar não ser desrespeitosos. Temos a força do elefante como: a força da liberdade de associação (CF); da liberdade de expressão (CF), mas não temos conseguida usar esta força porque sempre pretendemos que um único companheiro lute por nós, enquanto apenas ficamos torncendo por ele, sem sequer mover uma palha. Ao invés de adorarmos um ou outro poderíamos estar lutando juntos contra o despotismo. Ditadura meu caro "ânonimo" nunca foi solução ao contrário é regressão. Nunca nenhum ditador foi exemplo para o mundo. Saíamos nós do anônimo para luta, sem medo, com responsabilidade e propósito, sem covardia. Lance a sua proposta, una-se aos seus companheiros e proponha soluções. Sejamos todos nós dignos da luta que almejamos. Você com certeza tem grande valor, mas é preciso que enfrentemos os covardes, os ditadores, enfim aqeles que ao invés de administrar querem agir como donos da coisa pública e se enriquecendo ilicitamente em detrimento dos humildes, dos fracos, dos apoucados de cultura. Temos ao nosso favor uma história de diretos, uma constituição que só precisa de guardiões. Os guardiões somos nós. Estamos cada vez mais afastados da CF, temos nos abidicados dos nossos direitos. Cuidado com a raposa transvestida de cordeiro.
    SALVE A REPÚBLICA E A DEMOCRACIA.
    Cap Borba

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  6. Concordo com você, vivemos no país uma política de embustes, não só na segurança pública, mas em todas as áreas do serviço público, educação que o diga.
    E por que será que isso ocorre, a resposta é só uma, tais embustes alimentam a corrupção neste país, e desvia o foco do governo e de sua incompetência em administrar a coisa pública com seriedade, e principalmente visando a qualidade, e o bem comum da sociedade.
    Como comandante de uma unidade foi submetida a minha apreciação um projeto para ampliação de uma cadeia pública, por funcionários do respectivo órgão encarregado da manutenção dos presídios em goiás, informei-os que o projeto necessitava algumas adequações, haja vista, que alguns locais possuiam pontos cegos, que dificultavam o trabalho do policial que fazia a guarda externa, fui surpreendido com a resposta de que não poderiam alterar o projeto, pois se tratava de verba federal, e que não admitiam tal coisa.
    Pergunto-lhes quem sabe as necessidades no tocante a guarda, o engenheiro e os funcionários de tais órgãos, ou quem, como nós que fazemos esse trabalho, não sendo tal função constitucionalmente nossa.
    Mas, o maior absurdo é descobrir que os projetos não podem sofrer adequações, mesmo que venham melhorar as condições de trabalho do policial, demais funcionários e o próprio preso. só num país sem cultura ética e profissional, para que absurdos como esse ocorram.
    Não contei a maior, preço da obra 609.000 reais, para construir duas celas para doze presos e um banho de sol. Com pouco mais de 10% disto, o juiz local com verba oriunda do TCO, construiu a casa do albergado, com área construída muito maior, do que a prevista na reforma da cadeia.
    Que país é esse, onde aceitamos passivamente a tudo isso.

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  7. A cada dia que passa a nossa tal almejada democracia se torna mais fraca e refém de nossas "autoridades", que se peocupam somente com interesses particulares e proveito própio, isso pode se chamar de qualquer coisa menos Democarcia!!

    Qt a Polícia Comunitária ao meu ver o nosso erro sempre é o mesmo, tentar agir por conta própria, tentar e sempre falhar abraçar tudo e todos!! O nosso próprio CG1 afirmou que "após uma reunião com MP e os Juizes fico preocupado com os rumos da Segurança Pública em nosso Estado".
    Para bom entendor um pingo e letra. Estamos mais uma vez sozinhos no combate a criminalidade e mais uma vez seremos cobrados pela ineficiência de nosso sistema prisional, processual, educacional.....................

    A tolerância zero só foi viável pois houve a convergência de todos os setores responsáveis pela segurança pública em prol de um mesmo objetivo, combater o crime em toda e qq modalidade.
    Como podemos falar de polícia comunitária onde só a PM participa??
    Imaginem se com uma simples ligação nós pudessemos fechar um bar irregular, acabar com um prostíbulo, caça níqueis, mocos..................

    Nossa realidade é triste e bem diferente pois nem mesmo o apoio dos BM nós o temos, o que se dizer dos demais orgãos e instituições.

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  8. Engodo total...fora de cogitação, idéia correta do tc Giovanni, enquanto a polícia fica fazendo visitas comunitárias...as coisas tomam outro rumo.

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