sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Mudanças no DPNY



O prefeito eleito de Nova York, Bill De Blasio, anunciou na manhã desta quinta-feira que William J. Bratton será o novo chefe do Departamento de Polícia da cidade. Diferentemente do que acontece no Brasil, a força policial nova-iorquina, que conta com um efetivo de cerca de 34.500 homens e mulheres, é ligada diretamente à esfera municipal.

De Blasio já havia dado sinais de que Bratton seria o nome indicado. Ele vai substituir Raymond W. Kelly, que está no cargo desde 2002. O novo chefe do departamento já ocupou a função em 1994, nomeado pelo então prefeito Rudolph Giuliani.

Promoveu reformas e implantou um sistema informatizado de mapeamento da criminalidade, com base em estatísticas e dados geográficos, que ajudou na redução dos índices de violência e foi adotado por outras cidades.

A gestão de Bratton coincidiu com o início de uma trajetória de queda acentuada da criminalidade em Nova York --mas ele renunciou ao cargo em 1996 em meio a acusações de ter assinado um contrato para escrever um livro e aceitado viagens pagas por pessoas físicas e empresas.

Em 2002, assumiu o comando da polícia de Los Angeles e conseguiu, durante seis anos consecutivos, diminuir as taxas de homicídio.

Bratton tornou-se um empresário bem-sucedido no ramo de segurança. Criou sua própria empresa de tecnologia e trabalhou como consultor ou diretor de grupos privados. Entre 2010 e 2012 foi o "chairman" da Kroll, a maior companhia de investigação do mundo, que esteve no centro de um escândalo no Brasil.

Em 2005 a Folha revelou que a empresa espionava integrantes do governo Lula para fornecer informações à Brasil Telecom. Em julho deste ano, Bratton começou a colaborar, como analista de assuntos de segurança, com a rede de TV NBC.

O novo chefe de polícia assumirá o cargo em janeiro num cenário bastante diferente daquele em que trabalhou nos tempos de Giuliani. Desde 1994, Nova York obteve seguidos êxitos no combate à criminalidade. No ano passado a taxa de homicídios chegou a 5 casos por grupo de 100 mil habitantes, a mais baixa desde 1963. Equivale a menos da metade da taxa registrada em São Paulo, que é a menor entre as grandes cidades brasileiras.

Durante a campanha, o democrata De Blasio criticou a política de "stop and frisk"(para e revista) implementada pelo atual chefe do departamento. Por essa prática, agentes policiais podem deter e revistar pessoas caso suspeitem de maneira "razoável" que elas cometeram ou estão por cometer um delito. Para o prefeito eleito e os setores progressistas a intensificação do "stop and frisk" traduziu-se em discriminação e racismo --uma vez que os "suspeitos de sempre" são hispânicos, negros, imigrantes e pobres.

Em pronunciamento protocolar, De Blasio saudou o novo chefe e disse estar "100% confiante" de que ele irá manter os baixos índices de criminalidade e melhorar as relações entre a polícia e a população.


Marcos Augusto Gonçalves
De Nova York



Fonte: Folha de São Paulo

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