sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Tráfico já matou 200 neste ano

Violência Urbana



Cerca de 200 pessoas foram assassinadas neste ano em Goiânia por estarem de alguma forma envolvidas com drogas. Isso significa que quase 80% dos 254 crimes de morte ocorridos até o início da noite de ontem têm relação direta ou indireta com o tráfico de drogas. As três últimas vítimas, mortas na noite de quarta-feira e madrugada de ontem em diferentes setores, segundo a polícia, eram usuárias de drogas. "Todos eram desempregados, estavam em locais ermos e eram viciados em droga", afirmou o delegado Jorge Moreira da Silva, titular da Delegacia de Investigações de Homicídios.

Jorge Moreira conta que Danilo Adriano Teófilo da Cruz, de 28 anos, era usuário de drogas e foi morto ao cobrar uma dívida às 21h30 de quarta-feira, na Rua SC-53, no Bairro São Carlos. Dois homens se aproximaram dele, que estava armado com um facão e uma faca, e assim que ele cobrou a dívida, um deles, que seria Eliezer Rodrigues Ferreira Silva, atirou três vezes à queima-roupa. Danilo Adriano já havia sido preso por roubo e receptação.

Sebastião Alves Neto, de 22, foi morto com um tiro no peito e outro na mão, às 2h20 de ontem, na Avenida Guaicurus, no Setor Progresso. De acordo com a polícia, era usuário de crack havia dois anos e tido pela família como um rapaz desequilibrado e agressivo, tendo já agredido o próprio pai, a quem ameaçou de morte. Ele já havia sido preso por roubo.

Thiago Pereira Soares, de 26, foi morto a tiros, às 2h25 de ontem, na Avenida Engenheiro Fuad Rassi, no Setor Crimeia Leste. Ele havia saído do regime semiaberto recentemente e era usuário de drogas, com passagem por roubo, de acordo com os registros policiais. Ele estava em um bar quando dois homens em um carro preto passaram e atiraram contra ele. "A maioria das mortes está ligada à droga. É uma pandemia. Não é um caso de Goiânia. Acontece no mundo todo", disse Jorge Moreira.

Ao assumir recentemente a Secretaria de Segurança Pública, a delegada Renata Cheim, que já foi titular da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), disse que a gestão dela será marcada pelo combate ao tráfico e admitiu que o aumento da venda e consumo de drogas aumenta a criminalidade como um todo.

Jorge Moreira explicou que por causa do tráfico outros crimes são cometidos. O usuário torna-se pequeno traficante para manter o próprio vício e quando não o faz, pratica furtos, roubos e até estupros. Outra modalidade nova de tráfico é pelo sistema de consignação.

O usuário pega do traficante uma quantidade de droga, principalmente o crack, usa e vende para acertar depois com o fornecedor. "Ocorre o homicídio, entre outras situações de desacerto, quando o usuário muda de traficante ou quando fica devendo", comentou.

Titular da Denarc desde ontem, o delegado Deusny Aparecido Silva Filho, ex-titular do Grupo Antiassalto a Bancos (GAB) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), disse que vai fazer uma parceria com a Delegacia de Homicídios e com a Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores. "Sabemos que o tráfico e o uso de drogas fomentam outros crimes e vamos combater isso", disse.

Ao assumir a Denarc, Deusny conta com o apoio da secretária de Segurança Pública. Deusny revela que a missão não é fácil, mas diz que dará continuidade ao trabalho desenvolvido pela própria Renata Cheim na delegacia.

Até o fim de junho deste ano, a Denarc havia prendido em flagrante 205 pessoas e indiciado 151 usuários de drogas somente em Goiânia e apreendido mais de 254,2 quilos de drogas, entre maconha, cocaína em pó, em pasta e em pedras de crack.

De acordo com a Superintendência do Sistema de Execuções Penais (Susepe), da Secretaria de Segurança Pública, 22% dos homens presos atualmente em Goiás são acusados ou cumprem pena por tráfico. Na população feminina em cárcere atualmente no Estado, o número é bem maior, de 62%.


 
Rosana Melo


 
Fonte: O Popular

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